Dois jornalistas brasileiros que investigavam rede de corrupção continental foram detidos no final de semana na Venezuela, segundo reportagens. Separadamente, o presidente venezuelano Nicolás Maduro anunciou em comício que queria a CNN fora do país e acusou a rede de espalhar “notícias falsas”, segundo outros veículos.
“A mídia internacional deve ser capaz de cobrir questões de interesse público e informar sobre temas sensíveis sem temer represálias e perseguição por parte das autoridades”, declarou Carlos Lauría, coordenador sênior do programa das Américas do CPJ, de Nova Iorque. “Pedimos ao governo do Presidente Maduro para por fim na prática sistemática de obstruir a cobertura informativa e deixar de interferir no trabalho da imprensa”.
O repórter Leandro Stoliar e o câmera GIlson Fred Oliveira chegaram em São Paulo após serem liberados pela polícia venezuelana, de acordo com a RecordTV, a emissora em que trabalham. Eles foram presos em Maracaibo cerca de meio-dia de 11 de fevereiro, durante as filmagens de reportagem sobre a ponte Nigale, uma ponte de 11.8km sobre o lago Maracaibo cuja construção está sob responsabilidade da Odebrecht.
As autoridades também detiveram dois ativistas venezuelanos, Jesús Urbia e María José Túa, que trabalham para Transparência Venezuela, o capítulo local da Transparência Internacional, uma organização global anticorrupção. Urbina e Túa acompanhavam os jornalistas, segundo a Transparência Venezuela.
Funcionários do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (Sebin) detiveram os brasileiros, pegaram suas digitais e os interrogaram, segundo os jornalistas.
Os funcionários os escoltaram de volta ao hotel por volta de 1h15 da manhã de 12 de fevereiro e eles foram mantidos sob vigilância no lobby até aproximadamente 8h, quando foram levados de volta para a sede do Sebin.
Na mesma noite, a polícia venezuelana os transportou de volta de Maracaibo com destino à capital, de onde foram escoltados até um voo de volta ao Brasil, segundo representante da RecordTV contou ao CPJ. A polícia confiscou o equipamento em que as imagens e as entrevistas foram gravadas, de acordo com a Record.
“Assédio, aprisionamento, ausência de comunicação, a polícia nos seguia mesmo ao banheiro”, Stoliar disse ao site da emissora. “Nos trataram como criminosos quando a verdade é que nós estávamos apenas fazendo nosso trabalho. Nós voltamos para casa com as roupas que estávamos e uma mochila que conseguimos manter”.
Os jornalistas estavam fazendo reportagem sobre a participação da Odebrecht no projeto de construção da ponte sobre o lago Maracaibo. A empresa recentemente aceitou pagar cerca de dois bilhões em multas após admitir ter pago subornos a funcionários eleitos para assegurar contratos de construção em vários países, entre eles a Venezuela.
Os jornalistas foram detidos no mesmo final de semana que o presidente venezuelano Nicolás Maduro anunciou que queria que a CNN abandonasse o país. “CNN, não se meta nos assuntos venezuelanos”, declarou Maduro. “Eu quero a CNN bem longe daqui. Fora da Venezuela. Não ponha o seu nariz na Venezuela”.
Maduro, que culpou a rede norte-americana de manipular fatos, fez declarações durante comício apenas alguns dias após a CNN em Espanhol transmitir reportagem que afirmava que funcionários da embaixada venezuelana no Iraque haviam vendido passaportes e vistos a suspeitos de terrorismo.
A Venezuela tem adotado posição cada vez mais hostil contra repórteres estrangeiros nos últimos meses e proibiu a entrada de vários jornalistas, segundo dados do CPJ. O correspondente da ABC News, Matt Gutman, foi detido em outubro junto com um cinegrafista e um médico venezuelano que os havia acompanhado durante reportagem sobre a crise do sistema de saúde nacional. Aitor Saez, correspondente espanhol da Deutsche Welle (DW), foi deportado à Colômbia no dia 22 de janeiro. O jornalista havia chegado ao país para cobrir protestos da oposição.
O CPJ tem constatado que, durante o governo de Maduro, as autoridades têm recorrido a série de táticas para restringir o trabalho da mídia independente. O jornalista Braulio Jatar Alonso foi preso no começo de setembro após ser acusado de lavagem de dinheiro após cobrir protesto e ainda está aprisionado. A prisão e os últimos incidentes ocorreram em meio a ofensiva contra a oposição, em momentos em que o governo de Maduro enfrenta crescente mal-estar perante a escassez generalizada de alimentos e uma inflação de três dígitos.
Traduzido do site do Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).
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