Em outubro, o centenário A Cidade, de Ribeirão Preto (SP), abriu mão da versão impressa para focar 100% no digital. No mesmo mês, outro veículo de comunicação nativo do interior paulista deixou de produzir conteúdo até para o online. Após 63 anos de reportagens e artigos, a Tribuna de Indaiá encerrou as atividades. A extinção do jornal não foi por falta de tentativas de manter o negócio no ar. Os responsáveis pela marca informaram, em comunicado que segue no ar até hoje, que lutaram até o fim para reverter a situação.
Sediada em Indaiatuba, município com 235 mil habitantes e localizado a 78 quilômetros da capital paulista, a Tribuna de Indaiá estava sendo administrada há 55 anos pela família Miranda. Diferentemente de outros casos de fechamentos de veículos e demissões, os responsáveis pelo jornal não tentaram esconder a crise que há anos atinge a mídia impressa. No Brasil e no exterior. De publicações de bairro a marca com alcance nacional e internacional. “Não foi possível resistir à crise”, enfatizou o comando do, agora, extinto impresso.
Ao se colocar como mais uma vítima fatal da crise que “se abate sobre jornais e revistas”, a Tribuna de Indaiá “culpa” a situação econômica do país. A publicação, contudo, também menciona o “advento da internet”. Para a equipe do veículo, as novas gerações trocou a leitura em papel pela tela do computador. O acesso a boatos por meio de plataformas digitais foi outro ponto mencionado pelos dirigentes do veículo de comunicação. “Há uma questão cultural a ser levada em conta. A cultura letrada tem sido crescentemente preterida em detrimento de informação instantânea, invariavelmente desprovida da devida apuração”.
Trecho do comunicado divulgado pela família Miranda sinaliza que o jornal poderia se manter por mais algum tempo no setor jornalístico, mas que poderia afetar a ética construída ao longo das últimas décadas. “Durante toda sua trajetória, a Tribuna se pautou por princípios que a fizeram desfrutar de de invejável credibilidade junto a seus leitores”, afirma-se. “Não seria neste momentos de dificuldades que abriria mão de tais valores, única e exclusivamente a fim de se manter no mercado”. Não se informou, porém, quais os valores que, se deixados de lado, afetariam a credibilidade do veículo.
“Com imensurável dor no coração”, a diretoria anunciou o “ponto final” da história da Tribuna de Indaiá em 23 de outubro. Ponto final que, para esperança de seus leitores, talvez possa ser substituído por palavras. Em meio da tristeza do encerramento das operações, a equipe avisou que a marca poderá voltar, mas na internet. Meio, aliás, em que a publicação conta com um ativo. Somente no Facebook são mais de 46 mil seguidores. A postagem com o comunicado de sua extinção contou com mais de mil reações, 200 comentários e 400 compartilhamentos. Boa parte da interações fica no aspecto de lamentar e de torcer para que o “ponto final” seja apagado para que a Tribuna de Indaiá continue a contar histórias.
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