Leia, abaixo, o artigo de Heródoto Barbeiro sobre o trabalho de comunicação do presidente…
O presidente dá um passo decisivo para não depender mais dos jornalistas para divulgar as realizações do governo. Nem de suas opiniões pessoais de assuntos nacionais. Graças à tecnologia de última geração, é capaz de ser ouvido em qualquer parte do pais a partir de suas lives na capital da República. A audiência é maciça e até mesmo os jornalistas são obrigados a acompanhar as falas presidenciais, pois não têm acesso às informações divulgadas.
O presidente surpreende a todos com a divulgação de atos inéditos do governo. Isso obriga a mídia a fazer uma edição da live e, posteriormente, publicar os pontos que considera importantes e abre para as análises e os comentários. Em outras palavras, a imprensa está destinada a correr atrás das notícias divulgas pelo presidente. A live tem uma estrutura estatal, portanto paga pelo povo, e que garante uma repercussão favorável ao que é divulgada pelo chefe do governo.
Sua voz é inconfundível e sua personalidade retratada na imaginação do público. Com isso, torna-se cada vez mais popular até mesmo entre os que não votaram nele na última eleição. Não lhe falta assessoria para indicar quais são os assuntos que deve divulgar na live, e certamente, tem pesquisa de opinião sobre o que deve dizer e o que não dizer. Afinal, o departamento de imprensa e propaganda existe para isso. O espaço está garantido para que a oposição e os críticos do governo não tenham nenhuma participação e, assim, o que é divulgado não tem contestação. É chamado pelos críticos de fala sozinho”. O modelo não é novo. Vários líderes mundiais fazem o mesmo e conseguem difundir suas ideias e programas de governo com grande assertividade. Principalmente na Europa e nos Estados Unidos.
A palavra do presidente em um espaço informativo só para ele é uma forma de fortalecer o seu governo e sua figura. Busca um contato direto com o cidadão, esteja ele no campo, nas grandes cidades ou no longo litoral brasileiro. Afinal, a tecnologia à disposição proporciona o alcance em todo território nacional. A hora escolhida para a live é o inicio da noite, onde se supõe que a maioria das pessoas já está em casa, ou aglomerada em alguns lugares em que há a transmissão do programa.
A pauta do dia ganha importância graças ao trabalho do DIP, o Departamento de Imprensa e Propaganda, o mesmo que censura a publicação de livros ou jornais da oposição. As instalações da Radio Nacional no Rio de Janeiro é o local onde o ditador Getúlio Vargas aguarda a vinheta de abertura que diz “Na Guanabara, 19 horas”. Durante uma hora, o governo e seus ministros se dirigem ao cidadão, apertados em torno de um receptor de rádio de ondas médias e curtas, a espera do jargão preferido de Vargas: “trabalhadores do Brasil “. Com sotaque gaúcho…
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