Quase dois meses depois de escrever sua primeira coluna para a versão impressa da Veja, a jornalista Dora Kramer estreou o blog que leva seu nome no domínio mantido pelo título da Editora Abril na web. No ambiente online, o texto inaugural da analista política teve como personagem o integrante do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes. No conteúdo, publicado na manhã do último sábado, 26, a blogueira define o ministro como “o porta-voz”. Porta-voz de investigados em operações como a Lava Jato.
Para o primeiro trabalho como blogueira da Veja, Dora Kramer produziu um pequeno texto – ainda mais quando comparado com os registros feitos pelos colegas Augusto Nunes e Reinaldo Azevedo. Em dois parágrafos, além de usar o termo “porta-voz”, a jornalista observa a mudança da conduta adotada por Gilmar Mendes em relação as investigações contra políticos. “[Ele] quer descartar depoimentos ‘vazados’, defende apuração rigorosa e punição dos responsáveis (posição que não assumiu quando a prática atingia exclusivamente o PT)”, escreveu a colunista, dando a entender que o ministro se mostrava mais duro quando as críticas de corrupção eram voltadas a membros do Partido dos Trabalhadores.
No dia seguinte da publicação de seu primeiro post como blogueira, Dora Kramer veiculou mais um texto. Dessa vez, não levou suas análises ao público que a acompanha. O espaço foi reservado para informar que o ministro Gilmar Mendes havia entrado em contato para dizer que… não é porta-voz de políticos investigados. A jornalista informa que o juiz repudiou o título que ela tinha escolhido. “Ele reitera que não vê crime na prática do uso de caixa 2 no financiamento a campanhas eleitorais, bem como considera ok a aprovação da lei sobre abuso de autoridades”, registrou a colunista em sua página na internet.
No campo de comentários dos dois posts – análise de Dora e a resposta de Gilmar Mendes – 12 leitores do site da Veja registraram suas opiniões. A maioria dos internautas da página demonstra apoio à jornalista e tece críticas (até ofensas) ao ministro do STF e do TSE. “Daqui a pouco você dirá que não é crime o estrupo e o assassinato. Vaza, seu insignificante”, escreveu Adelmo Luiz Corrêa. “Este senhor deveria urgentemente pedir aposentadoria ou demissão para se dedicar ao que realmente sabe fazer bem: defender corruptos”, opinou Fernando Santos.
Depois de chamar Gilmar Mendes de “porta-voz” de políticos investigados e dar espaço para a resposta do ministro, Dora Kramer não publicou mais nem um texto para o blog do site da Veja — isso até o fim da tarde desta terça-feira, 28.
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