Em seu novo artigo para o Comunique-se, Edson de Oliveira comenta sobre empatia, lembrando um caso presenciado por ele
Quando vi que uma mulher dirigia o ônibus que havia parado para uma das passageiras que estavam no mesmo ponto que eu, estava tão certo de que a motorista iria deixar a moça entrar quanto de que ela estava pedindo carona. Como o ônibus seguiu seu destino sem a passageira, sem medo de ser chamado de atrevido, fui até ela para ouvir a resposta que eu já esperava.
Lembrando-me das vezes em que me senti na pele (e não estou falando por causa da minha cor, não) daquela pobre passageira, principalmente das vezes em que fui ajudado, imediatamente, dei-lhe uma das duas notas de R$ 5 que faziam companhia para a de R$ 2 em minha velha carteira.
Leia mais:
- O golpe está no ar – por Heródoto Barbeiro
- Como startups podem ganhar mais visibilidade – por Ivan Netto
Mas, mesmo que não nunca tivesse sido ajudado, eu não iria conseguir pegar meu ônibus, pagar minha conta, voltar para casa e dormir em paz se tivesse fingido que não havia visto nem ouvido aquela moça no ponto.
Até então, a última vez em que eu me havia colocado no lugar de alguém foi quando, passando em frente a um dos novos prédios da rua onde moro, ajudei duas senhoras que estavam tentando descer de um caminhão uma geladeira e uma máquina de lavar roupas, uma das quais, a esposa do senhor que ajudei a levar os pesados eletrodomésticos até o apartamento, queria pagar-me!
Empatia, palavra que nunca esteve tão em evidência como tem estado nestes tempos de pandemia, é uma via de duas mãos: uma para ajudar e outra para ser ajudado.