A liberdade de expressão é um direito assegurado pela constituição federal, mas a liberdade de imprensa vem sendo desprezada no Brasil
A liberdade de imprensa é um dos pilares fundamentais de uma democracia. Aliás, está assegurada na Constituição. E hoje, dia 7 de junho, é o Dia Nacional da Liberdade de Imprensa — uma data de extrema importância em um país com histórico de opressão aos jornalistas.
A liberdade de expressão é um direito que possibilita a reverberação de opiniões distintas, sem que haja divergências além das ideias. Basicamente, é uma forma de assegurar que pensamentos diferentes convivam em um mesmo espaço. Mas nem sempre é o que acontece.
No último sábado (4), o repórter Lucas Neiva, do site Congresso em Foco, publicou uma matéria na qual denunciava um esquema de disseminação de fake news, destinadas a beneficiar o presidente Jair Bolsonaro (PL). O resultado? Ele sofreu ameaças de morte por exercer a sua função de jornalista.
O senador Humberto Costa (PT-PE), que é presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH), emitiu uma nota à imprensa alegando que as providências necessárias serão adotadas.
“[…] é fundamental que estas ações sejam amplamente investigadas. Estes criminosos não calarão as vozes daqueles que diuturnamente trabalham para nos trazer informação e conhecimento; estes criminosos não cercearão a imprensa brasileira; estes criminosos não rasgarão a Constituição Federal”, salientou Costa.
Este caso recente coloca em evidência a importância do Dia Nacional da Liberdade de Imprensa. Mas, infelizmente, o problema não para por aí. Podemos dizer que ele é generalizado. Afinal de contas, o Brasil está no maior retrocesso na taxa de liberdade de imprensa, como mostra o Índice Chapultepec de Liberdade de Imprensa e de Expressão nas Américas, da Sociedade Interamericana de Imprensa.
Em 2021, a imprensa brasileira acabou quebrando recordes — só que negativos. E são números alarmantes: foram 430 casos de agressões a jornalistas no ano passado, como apontou o “Relatório da Violência Contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil – 2021”, divulgado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj).
Na semana passada, precisamente na quarta-feira (2), fizeram 20 anos da morte do jornalista investigativo Tim Lopes, que foi capturado, torturado e morto no Complexo do Alemão enquanto fazia uma reportagem. E, de lá para cá, parece que pouca coisa mudou, pois os ataques e ameaças de morte à categoria continuam frequentes.
Veja como foi a repercussão da data nas redes sociais:
— Cala a boca!
— Vocês atrapalham o Brasil!
— Vá para a p… que pariu!
— Minha vontade é encher tua boca de porrada!No Dia Nacional da Liberdade de Imprensa, uma coletânea de frases de Bolsonaro sobre o jornalismo profissional https://t.co/fSsVWZwWe8
— Bernardo Mello Franco (@BernardoMF) June 7, 2022
Hoje é o Dia Nacional da Liberdade de Imprensa e temos um jornalista desaparecido em nosso país. Dom Philips e o indigenista Bruno Pereira desapareceram no Vale do Jacaraí na Amazônia e ambos haviam sido ameaçados pelas denúncias que faziam na região. Queremos respostas! pic.twitter.com/rSGBOgkgOf
— Juliette ☀️ (@juliette) June 7, 2022
Hoje, 07 de junho, é comemorado o dia nacional da liberdade de imprensa. Queremos comemorar o trabalho e compromisso dos profissionais de comunicação de levar a notícia a toda a população.#DiaNacionaldaLiberdadedeImprensa pic.twitter.com/omI4fV01vg
— Knewin – News and Social Monitoring (@knewin_) June 7, 2022
7 de junho dia nacional da liberdade de imprensa. Uma campanha sobre o direito de informar, que enfatiza a importância de uma cidadania informada para a democracia. Sem informação, não há cidadania plena. Quem defende o jornalismo defende a liberdade e fortalece a democracia. pic.twitter.com/J7IUEU01G5
— marcelocosme (@cosmemarcelo) June 7, 2022
O Dia Nacional da Liberdade de Imprensa poderia ser motivo de comemoração, mas não é. O principal objetivo da data é lutar contra a opressão aos profissionais de imprensa. Mas, de qualquer forma, é importante reafirmar o papel crucial do comunicador para a sociedade. A classe seguirá resistindo. Viva a liberdade de imprensa!