Eu não gosto de entrevistador que não se posiciona

“O entrevistador tem de ir além e construir, em boa parte das vezes, uma conversa de alto nível”

Portal Comunique-se publica artigo do jornalista Adalberto Piotto. Em análise, a postura a ser adotada por quem se propõe a ser entrevistador de sucesso

Falo isso motivado por um programa que vejo na TV a cabo brasileira diante de um entrevistado ímpar. Uma questão num programa de entrevista não é igual a uma pergunta numa entrevista de repórter. Este último quer apenas um complemento para uma reportagem.

O primeiro, mais autoral, faz da entrevista em si o principal. Só se tem a entrevista pra mostrar. Daí, o entrevistador tem de fazer a questão evoluir da condição da simples pergunta. A questão não pode se resumir à modesta e pobre inquirição de um pelo outro.

O entrevistador tem de ir além e construir, em boa parte das vezes, uma conversa de alto nível expondo conhecimento e opinião sobre o assunto. Ter perguntas dissertativas que explicitem um ponto de vista, que agregue um conhecimento e provoque no entrevistado. Naturalmente, o desafio de ir ainda mais além no conteúdo discutido. E eles vão quando se percebem diante deste desafio.

“O entrevistador não se expor na entrevista resulta num trabalho sem peso”

Perguntas mais longas, desde que demonstrem conhecimento teórico e lógico do assunto, demonstram igualmente respeito intelectual ao entrevistado. Nunca tiram dele tempo de resposta. Até porque a resposta é dele e se deverá dar o devido tempo pra que explicite seu ponto de vista igualmente dissertativo.

O entrevistador não se expor na entrevista resulta num trabalho sem peso porque não gera avanços na discussão e explicita o desconhecimento do assunto e do entrevistado ou sua covardia intelectual.

No mundo de hoje, no desejo da transparência, da clareza da conversa, da necessidade premente de honestidade intelectual que temos, o entrevistador precisa se expor em suas perguntas.

Se não o fizer, corre o sério risco de o entrevistado também não fazer ou ir até a metade de suas opiniões por ausência de demanda. Daí, para que serve a entrevista?

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Adalberto Piotto

Jornalista formado pela Universidade Metodista de Piracicaba com especialização em economia pela Fipe-USP. Apresentador do ‘Pensando o Brasil’, programa fruto da parceria com o CIEE. É diretor e produtor do filme-documentário “Orgulho de Ser Brasileiro” (2013), de sua autoria, que disseca o estilo de ser do brasileiro com todas as suas nuances e oscilações de sentimento enquanto cidadão. De 1999 a 2011, foi âncora da CBN em São Paulo, onde começou como repórter. Em 2014, de julho até o início de dezembro, foi âncora do ‘Jornal da Manhã’, noticiário transmitido pela Jovem Pan. É palestrante nas áreas de economia, realidade social brasileira e jornalismo.

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