Minha família adora a comida que faço, ou me faz acreditar que adora cada vez que repete o que coloco à mesa na hora das refeições, principalmente meu filho, que, só em ouvir falar que vou fazer macarrão ou carne cozida, inclusive com batat(inh)a, já faz uma festa.
Apesar de ver a cara de satisfação dos mais importantes críticos gastronômicos que se servem todo dia e toda noite a minha mesa, não me canso de perguntar-lhes se, por exemplo, o feijão ficou cremoso e bom de sal, o arroz, soltinho, a carne, bem temperada, o refogado de verduras com legumes, gostoso ou o macarrão, que, se dependesse de meus filhos, teríamos à mesa todo dia, de lamber os beiços.
E não adianta minha mulher e meus filhos me enganarem, não, porque, com os pés na cozinha desde que eu era criança, tendo sido responsável pelo preparo de muitos almoços e jantares na casa de minha mãe (eu estaria frito se não fizesse), jamais fico de boca fechada quando um prato meu não fica bom, sou o primeiro a falar mal dele.
Da mesma forma que faço questão de receber feedback das pessoas de meu âmbito familiar sobre o feijão com arroz que preparo, não dispenso a resposta das pessoas com as quais me comunico, das que encontro fora de casa e, principalmente, das pessoas para as quais trabalho, pois nada melhor do que a opinião de quem se serve de nosso trabalho para sabermos se o que temos feito está certo, bom ou precisa ser melhorado, até porque, para quem não abre mão da excelência da qualidade, nenhum trabalho é tão bom que não possa ficar acima do esperado, sempre.
Para quem (ainda) não sabe (bem) o que significa feedback, é a resposta que esperamos das pessoas que, por exemplo, cumprimentamos, mandamos uma mensagem, um convite ou um anúncio de uma oferta de emprego, da mesma forma que elas devem esperar quando se dão ao trabalho de fazer essas mesmas coisas para nós, a fim de não se sentirem ignoradas, o que não quer dizer que você deva esperar que a empresa para a qual você mandar um currículo vá entrar em contato com você se ela não gostar de seu perfil ou, em caso de teste, sua performance (amo muito tudo isso).
Feedback é preciso, mas, dependendo de quem o recebe, nem sempre ele é bem-vindo, ou os erros, principalmente de tradução e revisão, que o controle de qualidade de uma empresa onde trabalhei durante muitos anos encontrava nos vídeos legendados não teriam sido tão mal recebidos por alguns colegas que os cometiam, erros estes que, se fossem detectados pelo cliente ou, pior, pela imprensa, certamente deixariam mal na fita não só o nome de quem os cometeu, mas também o da empresa.
Além disso, engana-se quem acha que antes tarde do que nunca, porque feedback tem prazo de validade, é como resposta de postagem em rede social, se deixar para o dia seguinte, perde a graça, quando não até a consideração do amigo, pois você já imaginou quanto sua demora em responder a, por exemplo, um convite pode dificultar a compra das coisas a ser servidas em uma festa, fazendo seu anfitrião correr o risco de tomar prejuízo pelo excesso ou passar vergonha pela falta?
Aliás, adivinhe qual foi o tema da redação do último concurso de que minha mulher participou, um dia depois de, a caminho de um casamento, ter me ouvido falar sobre feedback.
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