O grupo se reúne apesar de a mídia não acreditar que isso durasse muito. Os líderes querem articular uma frente ampla com intenção de disputar as próximas eleições presidenciais. É verdade que os líderes do grupo, até bem pouco tempo atrás, eram inimigos políticos e não escondiam o que pensavam um do outro. Não faltaram reuniões políticas, entrevistas na mídia em que um atacava o outro.
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Acusações de golpista, apoiador dos militares, fascista, traidor do povo brasileiro, entreguista, entre outras. Cada um deles lidera um partido político que não passa de aglomerados de oligarcas espalhados por todo o país e se consideram donos de parte do eleitorado. É só chamar e os cabos eleitorais se apresentam e prometem o melhor para voltar ao poder.
Geralmente, as oposições se unem quando percebem que o poder está firme nas mãos de quem tem o governo. E o presidente não deixa dúvidas que governa com o apoio do povo, de parte do Congresso Nacional e mesmo das Forças Armadas. A escolha presidencial foi referendada pelo Congresso e por políticos que agora estão na oposição. Ou seja, queriam a derrubada da esquerda do poder, mas não com a ascensão da extrema direita.
A liderança oposicionista nem merece ser chamada de frente ampla uma vez que são todos liberais, favoráveis à economia de mercado. É verdade que um era favorável a uma maior distribuição das terras, outro se considera desenvolvimentista e o terceiro é totalmente direitista. Em outras palavras, até bem pouco tempo atrás eram inimigos políticos e adversários nas eleições presidenciais.
Desenvolvimento econômico, reforma partidária e política externa soberana. Basicamente, estes três eixos são aceitos pelas lideranças da oposição. E a esquerda? A frente não inclui os líderes ou partidos de esquerda. Não se quer revigorar a militância que atuou energicamente no último mandato presidencial antes do golpe. Carlos Lacerda é o autor do manifesto contra o governo. Ele procura seus desafetos apesar de tentar impedir que Juscelino Kubitschek tomasse posse depois de eleito. Foi um dos articuladores do movimento que derrubou o presidente João Goulart, agora exilado em sua fazenda no Uruguai.
Lacerda, Juscelino e Jango almejam a volta da eleição direta para a presidência da república. Castelo Branco foi eleito indiretamente, pelo Congresso, com voto de Juscelino e de Ulysses Guimarães. Militares no poder é por pouco tempo. Foi assim no passado e seria assim no presente. Seria apenas um breve período, quando voltariam para a caserna e o poder nas mãos dos civis. Isso só ocorre em 1985 com a eleição indireta de Tancredo Neves.