Após um ano e dois meses do assassinato do jornalista brasileiro Léo Veras, uma nova denúncia foi apresentada pelo Ministério Público do Paraguai. A promotora Alicia Sapriza, do Núcleo de Luta Contra o Crime Organizado, acusou Waldemar Pereira Rivas, conhecido como “Cachorrão”, de associação criminosa e homicídio doloso, e pediu um julgamento. A decisão foi tomada nesta quinta-feira, 29.abr.2021.
No dia anterior à apresentação da denúncia, Cintia Gonzáles, viúva do jornalista, foi chamada para depor pela primeira vez sobre o assassinato, que ocorreu em 12 de fevereiro de 2020. “Estou decepcionada e indignada com a demora da justiça. Somente depois de 1 ano e 2 meses fui chamada para depor”, disse ao Programa Tim Lopes.
Léo Veras foi morto com 12 tiros enquanto jantava na sala de casa com a família, na cidade paraguaia de Pedro Juan Caballero. Sua mulher é testemunha ocular do assassinato do marido. Durante o depoimento, ela foi questionada sobre a noite do assassinato e pediram para que descrevesse os criminosos. Segundo Gonzáles, foram dois: um alto e magro e outro de estatura média.
Ao saber, nesta quinta-feira, da acusação contra Waldemar Pereira Rivas, a viúva foi surpreendida. “Estão dizendo que foi ele que matou, mas a descrição que eu dei não tem nada a ver com o Cachorrão”, afirmou Cintia Gonzáles. Rivas é um homem baixo, gordo e manca de uma perna.
Desde mai.2020, Waldemar Pereira encontra-se detido em Assunção. Ele foi reconhecido por policiais paraguaios após causar um acidente de trânsito em Pedro Juan Caballero. À época, o procurador Marcelo Pecci, que participa da investigação do assassinato de Veras, apresentou acusação contra “Cachorrão”, também por associação criminosa e homicídio doloso.
Durante uma força-tarefa, no dia 22.fev.2020, foi encontrado um Jeep Renegade branco na residência de Rivas. Segundo a força-tarefa coordenada pelo procurador Marcelo Pecci, a caminhonete foi usada por membros da facção PCC para matar o jornalista e pertence a “Cachorrão”.
Apesar da apresentação da denúncia pela promotora Alicia Sapriza, o crime contra a vida de Léo Veras ainda é visto como um mistério na fronteira e segue sem resposta. A viúva do jornalista diz estar com muito medo: “Fiquei alguns meses com proteção policial, mas agora não tenho mais. Só quero que a justiça seja feita”, declarou Gonzáles à Abraji.
Oito horas antes de sua morte, o jornalista Léo Veras estava empenhado em buscar mais informações sobre duas mortes atribuídas a um pistoleiro do PCC: a de Adolfo Gonçalves Camargo, de 31 anos, ocorrida em 16.ago.2019, e o desaparecimento do comerciante Roney Fernandes Romeiro, de 35 anos, dois dias depois da morte de Camargo.
Em seu site, o Porã News, Veras informou que policiais investigavam Genaro Lopes Martins, conhecido como “Animal do PCC”, como o suposto executor dessas mortes. Ele é conhecido por torturar as vítimas e esquartejar seus corpos.
A equipe do Programa Tim Lopes também descobriu que a pistola Glock 9 mm usada no assassinato de Veras foi a mesma arma usada nas execuções de ao menos outras sete pessoas em Pedro Juan Caballero. Todos os crimes estariam relacionados ao PCC.
Circula na fronteira também, desde fev.2020, a versão de que o mandante do assassinato seria Ederson Salinas Benítez, o chefe do PCC na região. Segundo informações, Léo Veras teria sido o responsável por comunicar às autoridades brasileiras a verdadeira identidade do narcotraficante após ele ser detido e apresentar um RG falso. Por esse motivo, Salinas teria dado a ordem de execução do jornalista.
Salinas ficou preso na Penitenciária Estadual de Dourados até mar.2020, quando foi beneficiado com um Habeas Corpus. Ele foi liberado sob fiança na condição de não sair do município. No período de festas de fim de ano, recebeu autorização para passar o Natal e Ano Novo com a família, em Campo Grande (MS).
O assassinato do jornalista Léo Veras é o terceiro caso a ser incluído no Programa Tim Lopes, desenvolvido pela Abraji, com o apoio da Open Society Foundations, para combater a violência contra jornalistas e a impunidade dos responsáveis.
Em caso de crimes ligados ao exercício da profissão, uma rede de veículos da mídia tradicional e independente é acionada para acompanhar as investigações e publicar reportagens sobre as denúncias em que o jornalista trabalhava até ser morto.
O assassinato do radialista Jefferson Pureza, de 39 anos, em Edealina Goiás, em 17.jan.2018, foi o primeiro caso acompanhado pelo programa. Ele foi morto enquanto descansava na varanda de sua casa.
O segundo caso é o do radialista Jairo de Sousa, de 43 anos, morto na madrugada de 21.jun.2018, com dois tiros no tórax quando chegava para trabalhar na rádio Pérola FM, em Bragança, no Pará. O suspeito de ser o mandante é o vereador Cesar Monteiro. Ele teria contratado um grupo de dez pessoas para realizar o crime. Segundo os autos do inquérito, o assassinato teria custado R$ 30 mil.
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