“Uma reafirmação que o papel da mídia é de fiscalizar o poder, ou manter a postura de watch dog. Todos que servem o Estado devem ter consciência que podem ter suas conversas gravadas”. Heródoto Barbeiro aborda vigilância e vazamentos em seu mais novo artigo
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A ideia é aperfeiçoar mecanismos de monitorar pessoas especialmente ligadas ao governo e ao poder judiciário. Uma reafirmação que o papel da mídia é de fiscalizar o poder, ou manter a postura de watch dog. Todos que servem o Estado devem ter consciência que podem ter suas conversas gravadas e, se tiverem interesse público, divulgadas para todos. Uma facilidade com o advento das redes sociais e um tempo onde não se consegue mais segurar informação. Assim, juízes, procuradores, políticos, ministros e governantes de qualquer nível podem ser monitorados e seus diálogos divulgados.
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É claro que ninguém é ingênuo ao acreditar que a cada publicação há geração de crise política, com ameaças de um lado e outro e envolvimento da população muito mais emocional do que racional. A primeira questão a ser avaliada é: a quem beneficia o processo de vazamento de conversas confidenciais? À democracia, dizem uns. À oposição totalitária, dizem outros. Os debates e embates nas redes sociais ganham cada vez mais velocidade e ferocidade.
O editor do site que divulga informações confidenciais, obtidas de maneira ilegal, por meio de escutas clandestinas ou acesso a documentos considerados secretos pelo Estado. Mas a justificativa é que o jornalista tem compromisso com o que está escrito na Constituição. E não com o governo que está no poder ou a algum grupo de pressão. Os constitucionalistas reafirmam que privacidade é um direito do cidadão. Ela pode ser violada tanto pelo Estado como por grupos interessados em enfraquecer o governo. O perigo é a facilidade de acesso para hackers de toda espécie movidos pelo mais diferentes objetivos.
“Uma facilidade com o advento das redes sociais e um tempo onde não se consegue mais segurar informação” (Heródoto Barbeiro)
Graças ao aperfeiçoamento dos invasores, é possível um monte de desvios entre eles casos de rapazes que vigiam namoradas, vídeos de nudez ou descobertas de infidelidade conjugal que podem render chantagens de toda espécie. Uma vez obtida a informação ilegal, nada mais pode impedir que ela circule nas mais diversas plataformas e pode mesmo chegar a assassinar reputações. Em geral, primeiro o internauta forma opinião sobre os personagens citados. Depois, se houver possibilidade, vai investigar se o que teve acesso é ou não uma fake news.
As pessoas mentem na web até a quem amam nas conversas particulares. Imaginam que nunca nada vai ser divulgado, especialmente depois de apagadas nos aplicativos, supostamente seguros da espionagem dos hackers. O que importa mesmo são os chamados metadados. Ou seja, registros perfeitos de atividades da vida privada. Fotos postadas, para quem o espionado liga, que site acessa e o que compra pelo e-commerce. Autoridades e cidadãos comuns esquecem que com o celular ligado podem facilmente ser hackeados e ter o conteúdo nas mãos de estranhos.
“Em geral, primeiro o internauta forma opinião sobre os personagens citados. Depois, se houver possibilidade, vai investigar se o que teve acesso é ou não uma fake news” (Heródoto Barbeiro)
Não existe uma maneira 100% segura de fugir do monitoramento de grandes corporações e governos. Ao menos é o que diz Edward Snowden em entrevista à revista Veja. Para ele, o vazamento da Lava Jato é útil –- e pouco importa de onde veio a informação. Enquanto alguns países desativam programas de vigilância, como nos Estados Unidos, a Alemanha autorizou formas de vigilância em massa. A China, por sua vez, está começando a usar o reconhecimento facial indiscriminado. Essa prática se espalha rapidamente ao redor do mundo e ninguém sabe se a criptografia vai ser capaz de enfrenta–lá.