Com presença ainda tímida na realidade brasileira, a Internet das Coisas (IoT) vem ganhando espaço com o passar dos anos. A ideia da IoT é ter objetos utilizados no dia a dia conectados em rede, para que possam ser controlados a distância por computador ou smartphone e, assim, tragam vida mais prática e dinâmica para os usuários.
As smartTVs são, atualmente, exemplo de como funciona essa tecnologia. Com acesso à internet, elas podem ser diretamente conectadas a serviços que fornecem música ou filmes. A tecnologia pode se estender de forma adaptada a outros objetos, eletrônicos ou não: tênis com conexão GPS para auxiliar em trilhas, geladeiras que mudam a potência em horários programados ou podem ter a porta bloqueada por senha e fogões que funcionam sozinhos por ativação remota.
As novidades trazem praticidade a muitas tarefas rotineiras, mas podem representar perigo para a segurança de dados dos usuários, alerta Christiane Santos, professora do Instituto Federal de Goiás (IFG), mestre e pesquisadora em engenharia elétrica e computação. “A partir do momento em que você coloca inteligência em um aparelho, não se sabe se aquela empresa, que antes se preocupava apenas em manter seu alimento resfriado, também está preocupada em manter a segurança da sua informação. Acaba que você tem série de dispositivos que ficam te ouvindo o tempo todo”, disse em palestra na Campus Party Brasília.
De acordo com Christiane, aplicações da Internet das Coisas, como a automação residencial, podem trazer muitas soluções e tornar uma casa, empresa ou qualquer outro local inteiramente inteligentes. No entanto, é necessário ficar atento às configurações dos equipamentos utilizados para evitar casos de espionagem. “As empresas têm interesse em ter os dados”, alerta a pesquisadora. Segundo ela, com as informações pessoais coletadas os fabricantes podem identificar padrões de comportamento e entender o que é de interesse dos consumidores.
Em fevereiro deste ano, autoridades alemãs fizeram alerta contra boneca que poderia ser hackeada para monitorar crianças. A ideia do objeto, afirma Christiane, era interessante, semelhante a uma babá eletrônica. “A boneca conversava com as crianças com a voz dos pais, e eles podiam ver as crianças pelos olhos [do brinquedo]”, conta. No entanto, a conexão da boneca à rede deixava as crianças em situação vulnerável devido à configuração do produto: “os dados [da interação] ficavam armazenados e podiam ser usados para espionar”, explica.
Ficar atento à configuração dos dispositivos é fundamental para manter a segurança da informação nos dispositivos conectados em rede. A pesquisadora alerta que muitas pessoas têm o hábito de manter o padrão que vem de fábrica em todos os aparelhos. “A maioria, quando compra dispositivo, simplesmente não lê o manual e o instala em casa. Muitos roteadores têm senhas padrão e as pessoas deixam desse jeito”, afirma.
Para quem não tem familiaridade com a tecnologia, mas gostaria de utilizar essas ferramentas, ela recomenda pesquisar sobre os equipamentos antes da compra. “Na internet há muitos vídeos e materiais que podem dar ideia sobre as possíveis vulnerabilidades dos produtos, como eles foram produzidos. Esse pode ser bom caminho para se proteger”, avalia Christiane.
Governo busca experiências internacionais em plano sobre Internet das Coisas
Pesquisador defende urgência na regulamentação da internet das coisas
*Edição: Graça Adjuto
*Ana Elisa Santana – Repórter da Agência Brasil
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