Um jornalista e uma técnica de som brasileiros, além de um diretor espanhol, ficaram detidos por cerca de 18 horas em uma dependência do Exército venezuelano entre os dias 12 e 13 de novembro. Eles foram interrogados, tiveram suas câmeras e celulares revistados e passaram a noite em situação precária na base militar. Os três cobriam a crise de refugiados na fronteira com o Brasil.
Segundo relato do repórter Tiago Henrique da Silva, um dos detidos, ele foi abordado por um soldado do Exército enquanto conversava com venezuelanos que moram próximo a um posto da PDVSA (empresa de Petróleo do país) em Santa Elena. A cidade da Venezuela faz fronteira com Paracaima (RO).
Após explicar o que fazia, o soldado chamou um tenente do Exército, que o levou para uma guarita para “conversar”. A técnica de som também foi abordada, e o diretor espanhol, notando a ausência dos dois, também foi ao local. Após demora de mais de três horas, os membros do Exército disseram para que eles passassem a noite ali, já que o tráfego de carros entre os países estava fechado. Segundo os oficiais, eles teriam segurança, alojamento, comida e wi-fi para se comunicar com familiares.
De acordo com o repórter, a promessa não foi cumprida e o trio foi colocado em colchonetes infestados de insetos, ficou sob luz forte durante todo o tempo, era impedida de dormir e a comida servida estava estragada.
“Havia uma suspeita, pelo que eu entendi, de que a gente fazia parte de um complô entre Brasil, Espanha e Colômbia, porque havia drones colombianos sobrevoando a base. Várias coisas conspiratórias. Isso deixou a gente meio tenso porque não sabíamos o que podia acontecer”, conta Silva. O trio foi liberado por volta das 12h de 13 de novembro.
O sindicato dos jornalistas da Venezuela classificou o ocorrido como uma prática sistemática de assédio a jornalistas estrangeiros.
À repórter Pableysa Ostos, do El Nacional, uma fonte do Exército afirmou que a equipe “não foi maltratada e não teve nenhum pertence retido” e que um dos detidos teriam ignorado um aviso de soldados, correndo em direção ao lado brasileiro da fronteira. O jornalista brasileiro nega ter havido resistência de qualquer um dos abordados e afirma que o equipamento ficou retido durante as horas em que eles estavam na base militar.
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Por Rafael Oliveira.
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