Na manhã desta quinta-feira, 1º de junho, o prédio da JBS em Belo Horizonte, citado em delação premiada, foi ocupado por ex-colaboradores do jornal Hoje em Dia. Os cerca de 100 profissionais (jornalistas, gráficos e funcionários da administração) foram demitidos em março do ano passado e não receberam nenhum direito trabalhista, nem o salário do último mês de atuação pelo impresso.
O imóvel ocupado foi comprado pela JBS, com objetivo de repassar recursos ao senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), conforme afirmou o empresário e delator Joesley Batista. Na transação, a J&F Investimentos comprou da Ediminas S/A (proprietária do jornal mineiro) o imóvel e um terreno ao lado da construção por R$ 17.354.824,75.
Dono da Ediminas à época da negociação, Flávio Jacques Carneiro negou irregularidades na venda do imóvel. Apesar da venda do prédio, os profissionais demitidos em 2016 pela empresa de comunicação não receberam pagamento.
Em manifesto, os ex-trabalhadores do Hoje em Dia afirmam que a decisão por ocupar o prédio que foi sede do jornal é para denunciar o calote. “Fomos vítimas de uma negociata política, que envolve figurões da República, e pagamos a conta por projetos de poder, falta de ética e escrúpulos”, diz o texto que pauta o movimento.
A ocupação é encabeçada por três sindicatos mineiros: dos jornalistas, dos gráficos e dos trabalhadores da administração de jornais e revistas. Além das entidades sindicais, movimentos da imprensa independente, como Jornalistas Livres e Mídia Ninja, estão apoiando os profissionais no protesto.
Presidente do sindicato dos jornalistas de Minas Gerais, Kerison Lopes informou à reportagem do Portal Comunique-se que a ocupação, apesar de denunciar a situação dos funcionários demitidos do veículo, terá tom cultural, promovendo debates durante o dia.
“Estamos com várias ações na Justiça, há mais de um ano, em prol dos trabalhadores que não receberam seus direitos. Por isso, pedíamos a penhora do prédio para o pagamento. Quando descobrimos a venda superfaturada para a JBS, já identificamos algo estranho. Nossa desconfiança se confirmou com a delação do Joesley Batista, que afirmou que o senador afastado Aécio Neves pediu a venda para quitar dívida de campanha. O que era dos trabalhadores foi utilizado para caixa 2”, denunciou Lopes.
Ainda de acordo com o sindicalista, o imóvel em questão é histórico para a imprensa mineira, pois foi construído especialmente para ser a sede do Diário do Comércio em Belo Horizonte. Depois, o local foi adquirido pelo Hoje em Dia. “Centenas de profissionais da comunicação já trabalharam aqui. Mas, infelizmente, o que era símbolo de orgulho para a imprensa mineira, virou motivo de vergonha pela lavagem de dinheiro feita pela JBS para o senador afastado Aécio Neves”, finalizou o presidente do sindicato.
Por meio do Facebook, os líderes do movimento divulgam manifesto.
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