Você já parou para dar uma olhada em suas publicações antigas nas redes sociais? Ou simplesmente experimentou digitar o seu nome completo entre aspas no campo de busca do Google?
Vale o exercício, até por que algo pode não lhe agradar, o que faz parte do processo natural de transformação das pessoas ao longo da vida. Ainda bem! O emprego dos sonhos, pode ter virado pesadelo. O político que você botava uma fé, foi só decepção. O namoro foi um desastre. São inúmeros exemplos que mostram como a nossa vida fica registrada nas redes, rastros que são salvos automaticamente e são visíveis em sistemas de buscas no amontoado e gigantesco universo da WWW (World Wide Web).
Caso tenha curiosidade, clicando aqui você também pode baixar relatórios dos seus dados coletados pelo Google.
O que muitos usuários esquecem, é que tudo o que foi publicado pode vir à tona em outros momentos, principalmente quando se trata de situações que possam refletir negativamente e destruir reputações de empresas e pessoas. Os próprios usuários fazem esse “pente fino” no momento em que lideranças, políticos e celebridades estão em evidência na mídia tradicional ou nas próprias redes sociais.
A demissão de James Gun, diretor do filme “Guardiões da Galáxias”, mostra como uma crise pode surgir a partir de rastros registrados nas plataformas. Neste caso, o diretor foi demitido após usuários subirem tweets antigos nos quais registrava piadas sobre pedofilia e estupro em seu perfil.
Na época, a Walt Disney Studios Motion Pictures, responsável pelo filme, rapidamente, como manda o manual de Gestão de Crises, se posicionou através do seu presidente Alan Horn (2018): “As atitudes e pronunciamentos descobertos no perfil de James no Twitter são indefensáveis e inconsistentes com os valores do estúdio, e nós estamos cortando relações com ele”.
Após a demissão, o diretor usou a rede social Twitter e divulgou uma nota à imprensa para se explicar a situação e se desculpar das publicações.
O tensionamento é ainda maior quando se trata de uma matéria jornalística. Neste caso, não existe a opção de “excluir”. Por esse motivo, o direito ao esquecimento chegou ao STF (Supremo Tribunal Federal). A pauta teve como base um caso que foi ao ar, em 2004, no programa Linha Direta Justiça, da Rede Globo. A justiça deu parecer favorável à Rede Globo ao retratá-lo como informação de interesse público. Caso contrário, de acordo com o Ministro do STF, Marco Aurélio de Melo, configuraria como censura. “Não pode haver censura, precisamos de memória, até mesmo para que fatos nefastos não se repitam”, explicou.
Na Espanha, um cidadão pediu para que fosse retirada a publicação do jornal La Vanguardia no qual dizia que seus bens haviam sido penhorados por não ter quitado dívidas. Após a justiça dar parecer favorável ao cidadão, as empresas Google Spain e Google Inc. recorreram ao Tribunal de Justiça da União Europeia que, em 13 de maio de 2014, decidiu pela aplicação do direito ao esquecimento em mecanismos de busca na Internet. Para tal, a Justiça da União Europeia recorreu à Agência Espanhola de Proteção de Dados – AEPD.
Por aqui, o debate também vai ao encontro Lei Geral de Proteção de Dados, sancionada pelo Presidente Jair Bolsonaro no dia 18 de setembro de 2020, que traz pontos como “a liberdade de expressão, de informação, de comunicação e de opinião” e “inviolabilidade da intimidade, da honra e da imagem”.
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Além do âmbito jurídico, o direito ao esquecimento pode impactar diretamente o trabalho de profissionais de relações públicas. Afinal, a reputação de empresas e profissionais passa pela mão deste profissional.
Dito isso, podemos considerar a complexidade do tema. Portanto, vale acompanhar o debate.
Para quem tiver interesse, recomendo o vídeo Adequação à LGPD no Marketing Digital e Assessoria de Imprensa, promovido pelo Comunique-se:
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