Aos 92 anos, morreu nesta semana, em Santos, São Paulo, a jornalista Helle Alves. Natural de Itanhandu, Minas Gerais, Helle se notabilizou ao testemunhar, em 1967, o reconhecimento do corpo do guerrilheiro argentino Ernesto “Che” Guevara. Ela foi uma das primeiras repórteres do mundo a noticiar que o ex-líder da revolução cubana tinha sido morto na Bolívia, onde combatia o governo do então presidente René Barrientos.
A causa da morte da jornalista ainda não foi divulgada. Seu corpo foi enterrado na segunda-feira, 28, no Cemitério da Areia Branca, em Santos.
Nascida em 1926, Helle tinha 15 anos quando começou a colaborar com pequenos jornais e revistas. Ela enviava poemas e outros textos para as publicações. Mais tarde, trabalhou em jornais e na televisão. Em 1959, ingressou nos Diários Associados, grupo de comunicação liderado pelo empresário Assis Chateaubriand. Na época, as poucas mulheres que trabalhavam nas redações de jornais conseguiam ocupar outros cargos, além de secretárias ou na limpeza.
Ao narrar sua trajetória profissional, Helle gostava de destacar ter entrevistado personalidades. Na lista, o poeta chileno Pablo Neruda, a rainha Elizabeth II, da Inglaterra e o bispo católico dom Hélder Câmara. Alguns dos principais líderes políticos do Brasil de seu tempo também foram entrevistados. São os casos dos presidentes a República Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros. Afastada das redações, Helle Alves dedicou-se quase até o fim da vida ao trabalho voluntário, chegando a dar oficinas de comunicação e criatividade para idosos em um centro de convivência de Santos.
A notícia da morte de “Che” foi o feito jornalístico mais marcante da carreira de Helle Alves. A jornalista dizia ter enfrentado problemas por causa desse “furo” (informação publicada em um veículo antes de todos os demais). Em uma entrevista de 2007, concedida à Folha Universitária, jornal laboratório da Universidade Bandeirante de São Paulo (Uniban), ela contou ter respondido a um processo militar por noticiar a morte de Guevara.
Em 2012, Helle Alves lançou o livro Eu Vi. Na obra, a comunicadora relembra sua trajetória no jornalismo e, principalmente, o dia em que viu Che Guevara morto. Helle é ainda autora de quatro livros, entre poesia e obras sobre as condições dos idosos.
Em nota, o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo ressalta o fato de Helle ter sido a primeira repórter a noticiar a morte de Guevara, que foi um dos líderes da revolução cubana, e diz que a jornalista foi um exemplo de lucidez e de cidadania, atuando em favor dos direitos dos idosos e escrevendo sempre.
O vice-presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), José Augusto Camargo, citou dois aspectos pelos quais considera que Helle ocupa lugar de destaque no jornalismo brasileiro. “Ela foi uma pioneira em um tempo em que a profissão era exercida quase exclusivamente por homens. Também foi testemunha de um momento histórico que coincide com a época em que os jornais investiam em reportagens de fôlego, inclusive internacionais. Havia muitos jornais importantes espalhados por várias localidades, e não só nas grandes capitais. Jornais que formavam excelentes profissionais, como a Helle”, disse Camargo à Agência Brasil.
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Reportagem: Alex Rodrigues
Edição: Nádia Franco
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