A repórter Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo, recebe apoio público após ser alvo de ataques de ex-funcionário de empresa de disparos de mensagens
Diante da situação, mulheres jornalistas se uniram e lançaram manifesto em apoio à colega. “É inaceitável que essas mentiras ganhem espaço [numa CPI]”, destaca o documento
Alvo de ofensas de um ex-funcionário de empresa especializada em disparo de mensagens, a repórter Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo, não está só. Em solidariedade à premiada profissional, mulheres jornalistas se uniram. Em manifesto, elas defendem a conduta da comunicadora. Evidenciam, ainda, que o acusador faltou com a verdade em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) sobre fake news.
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O manifesto em apoio à Patrícia Campos Mello contou com a participação de mais de 2.800 mulheres jornalistas. O documento ficou aberto para assinatura (digital) até o fim da tarde desta quarta-feira, 12. Por meio de suas redes sociais, a repórter agradeceu pela iniciativa. “Agradeço a todas as mulheres incríveis que assinaram este manifesto em repúdio aos ataques misóginos contra jornalistas. Nós não vamos deixar esse ser o novo normal. Obrigada a todas vocês”.
A funcionária da Folha de S. Paulo fez questão de agradecer nominalmente nove colegas, dando a entender que elas formaram a equipe responsável pela iniciativa. As mulheres jornalistas destacadas por ela foram: Vera Magalhães (Estadão e TV Cultura); Júlia Duailibi (GloboNews); Natuza Nery (GloboNews); Renata Lo Prete (TV Globo); Patrícia Kogut (O Globo); Mariliz Pereira Jorge (Folha de S. Paulo e MyNews); Daniela Pinheiro (Reuters Institute); Andreia Sadi (TV Globo); e Monica Waldvogel (GloboNews).
Confira a íntegra do manifesto:
Nós, jornalistas abaixo assinadas, repudiamos os ataques sórdidos e mentirosos proferidos em depoimento à CPMI das Fake News por Hans River, ex-funcionário da empresa Yacows, especializada em disparos em massa de mensagens de Whatsapp, à jornalista da Folha de S.Paulo Patricia Campos Mello.
Sem apresentar qualquer prova ou mesmo evidência, o depoente acusou a repórter, uma das mais sérias e premiadas do Brasil, de se valer de tentativas de seduzi-lo para obter informações e forjar publicações.
É inaceitável que essas mentiras ganhem espaço em uma Comissão Parlamentar de Inquérito que tem justamente como escopo investigar o uso das redes sociais e dos serviços de mensagens como Whatsapp para disseminar fake news.
Nós, jornalistas e mulheres de diferentes veículos, repudiamos com veemência este ataque que não é só a Patricia Campos Mello, mas a todas as mulheres e ao nosso direito de trabalhar e informar. Não vamos admitir que se tente calar vozes femininas disseminando mentiras e propagando antigos e odiosos estigmas de cunho machista.