Jornalismo e empreendedorismo: em entrevista exclusiva ao Portal Comunique-se, Nana Queiroz fala do seu trabalho na comunicação
Ela não tem dúvidas de que foi privilegiada pela vida. Ainda quando adolescente, Nana Queiroz, na ocasião moradora de Pirituba, bairro da periferia da cidade de São Paulo, viu a história de suas amigas tomar rumos inesperados. Uma perdeu a mãe e teve de deixar a escola para cuidar dos irmãos mais novos. Outra, que se destacava por ser ótima jogadora de handebol, largou o esporte para ser manicure, pois precisava levar dinheiro para casa. Fora as que se tornaram mães tão jovens. “Elas não tiveram oportunidade. Eu tive sorte”, conta. A agora jornalista e empreendedora da comunicação descobriu – ainda que sem querer – coisas que levaria para a vida. Em entrevista à reportagem do Portal Comunique-se, ela revela como chegou ao jornalismo, como se empoderou com o que viu da vida e como ajudou a criar a Revista AzMina, uma publicação que preza por conversar com todas as mulheres.
A história de Nana com a profissão começou quando ela ainda tinha 11 anos ao ler uma obra de Machado de Assis. “Era um livro de contos maravilhoso e me senti influenciada a seguir a mesma profissão de Machado. Na época, perguntei à minha mãe o que era ser jornalista e ela me explicou que era um escritor que ganhava dinheiro, mas acho que ela se enganou”, diz bem-humorada e com um sorriso no rosto que segue ao longo de toda a entrevista. Aos 14, a comunicadora lançava o Jornal da Luluzinha, um folhetim só para as meninas do bairro. A “brincadeira” de ter um impresso durou pouco, assim como a adolescência de algumas das amigas, que assumiram grandes responsabilidades como relatado acima. “Lá em casa, a minha mãe fazia arroz, feijão e batata frita como se batata fosse mistura, sabe? A batata era mais barata que a carne”.
Também não foi fácil para Nana Queiroz, mas certamente ela foi muito mais privilegiada pela vida do que suas amigas. Ela conta que percebeu que as mulheres não são todas iguais, e são também muito diferentes dos homens. “Temos menos oportunidades que eles e entre nós também somos diferentes. O irmão da minha amiga não deixou a escola para cuidar dos mais novos. Ela sim. Tive sorte, não aconteceram grandes imprevistos e mais tarde consegui entrar na Universidade de São Paulo (USP), que mudou a minha vida”. Já formada e com um projeto jornalístico no mercado, a jovem lamenta que a imprensa troque credibilidade por cliques. “O jornalismo está cometendo um erro enorme. O modelo de negócio do clique já morreu. Devemos apostar em credibilidade”, reforça a profissional que acumula passagens por Época, Galileu, Criativa e Veja, além dos jornais Correio Braziliense e Metro.
Foi com o pé na credibilidade que Nana Queiroz saiu da faculdade com o compromisso de seguir apurando o tema de seu TCC, que cinco anos depois deu vida ao livro Presos que Menstruam: A brutal vida das mulheres – tratadas como homens – nas prisões brasileiras. A obra publicada pela Editora Record investigou o cotidiano das prisões femininas no Brasil. “O Estado fez de tudo para dificultar que eu escrevesse o livro”, relata.
Sem autorização para entrar nas penitenciárias, a jornalista se viu em dilemas éticos para apurar o tema. “Passei muito tempo me correspondendo com parente de presa para conseguir entrar nos presídios. Me passei por estagiária, por parente, entrei pela porta dos fundos, o que você imaginar que dava para fazer eu fiz. O Estado viola todos os acordos internacionais, a lei, a Constituição. É uma violação de direitos humanos sem tamanho. Qualquer um percebe isso, mas eles fazem de tudo para que a realidade não seja mostrada”.
A inquietação de contar mais histórias sobre o universo das mulheres foi o principal motivador de Nana, que conta como foi a criação da Revista AzMina. “Lia os impressos femininos e não me via representada ali. Olhava para as minhas amigas, e elas também não eram representadas. Eu queria escrever para uma revista que não existia, então criamos”, comenta ao reforçar o trabalho de empreendedorismo que reúne sete fundadoras da marca. Nana não sabe se AzMina é o projeto da sua vida, ou se a revista deixará algum legado, mas se diz realizada em um processo de aprendizado diário.
“A grande vantagem é que AzMina é pequena e ágil, a gente consegue mudar de acordo com as necessidades do mundo digital, diferentemente das grandes empresas por onde passei”. E é neste ritmo que AzMina é lembrada por algumas conquistas: como garantir que as mulheres que têm direito ao aborto consigam realizar o procedimento em clínicas públicas; um mapeamento completo das delegacias da mulher que estão funcionando no Brasil; e cinco troféus em Cannes com as campanhas #MaisQue70, que questiona a diferença salarial entre homens e mulheres, e #VamosMudarOsNúmeros, lançada em campo de futebol pelo Cruzeiro no Dia da Mulher.
Na conversa realizada pelo Skype com a reportagem do Portal Comunique-se, a jornalista Nana Queiroz dá detalhes sobre a criação da AzMina, que está prestes a completar dois anos, a vida no empreendedorismo em comunicação e as falhas do mercado de trabalho, além de dar conselho aos estudantes que estão se formando. Acompanhe no vídeo abaixo:
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