São Paulo, SP 9/4/2020 – Pesquisa ratifica indícios que vinham sendo alertados por médicos: a anosmia (perda súbita de olfato) é um sintoma detectado na maioria dos pacientes infectados
Uma pesquisa realizada pela Academia Brasileira de Rinologia (ABR) e pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cérvico-Facial (ABORL-CCF), ratifica indícios que vinham sendo alertados por médicos em todo o país: a anosmia – perda súbita de olfato – é um sintoma detectado na maioria dos pacientes infectados pelo novo coronavírus.
“Devido a muitos relatos de otorrinolaringologistas sobre pacientes com anosmia súbita nestes últimos dias, elaboramos um questionário online para preenchimento por parte dos médicos no Brasil, com dados de seus pacientes que registraram anosmia súbita, de modo a contribuir com o aumento do conhecimento sobre esta nova doença”, explica o presidente da ABORL-CCF, Dr. Geraldo Druck Sant’Anna.
Até o dia 6 de abril, os médicos brasileiros incluíram dados de 123 pacientes, sendo que a maioria deles apresentou anosmia súbita (85,4%), com predomínio feminino (61%) e variação de idades entre 17 e 66 anos. “Devido às indicações restritas de testagem para a COVID-19, grande parte dos pacientes com alteração aguda do olfato não foi testada (60,2%). Dentre os 39,8% testados, a maioria apresentou confirmação da doença (84,8%)”, revela Sant’Anna.
Paralelamente à pesquisa para médicos realizada pela ABR/ABORL-CCF, um grupo de médicos otorrinolaringologistas do Rio de Janeiro promoveu outra análise, também voltada para os pacientes com anosmia, que reuniu 501 respostas até o dia 6 de abril, com padrões parecidos aos resultados do levantamento da ABR/ABORL-CCF.
A maioria dos pacientes era do Rio de Janeiro (67,8%), e outros 16,6% de São Paulo. Os sintomas concomitantes à anosmia mais relatados pelos pacientes foram tosse (58,5%), obstrução nasal (47%), febre (43,4%), rinorreia (36%) e diarreia (32,6%). “Interessante notar que tosse e febre foram sintomas frequentes em ambas as pesquisas. Neste caso, dentre os pacientes com obstrução nasal além da anosmia, a maioria (64%) referiu que os sintomas eram independentes, não ocorrendo concomitantemente. Outro dado importante dessa pesquisa promovida por otorrinolaringologistas do Rio de Janeiro é que, dos 20,4% de pacientes que realizaram o teste para confirmação da COVID-19, 90,2% dos testados confirmou a doença”, detalha o presidente da ABORL-CCF.
Quanto à conduta instituída, a maioria dos pacientes foi orientada a aguardar sem medicação inicial (43,9%). Enquanto lavagens nasais com soro fisiológico (33,3%) e corticosteroide tópico nasal (14,6%) foram os tratamentos mais realizados. Quase metade dos pacientes apresentou melhora (19,5% de melhora total e 30,1% de melhora parcial). Cerca de 20% dos pacientes não apresentou melhora e, em 30,1% dos casos, ainda não há resultado final do tratamento.
Mais informações em: https://www.aborlccf.org.br/secao_detalhes.asp?s=51&id=5957
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