Em artigo para o Portal Comunique-se, jornalista Alessandra Fedeski analisa o trabalho de parlamentares que parecem estar mais preocupados em fazer lives nas redes sociais
Deputados federais do nosso país foram flagrados nos últimos dias atrás em atividade durante sessão plenária que deliberava, entre outras importantes pautas, sobre a troca de comando de um órgão de inteligência federal que atua na prevenção e no combate de crimes financeiros. O inusitado, e por isso o “flagra”, era que as falas não eram dirigidas aos colegas parlamentares, mas, sim às câmeras de selfie dos smartphones de mais uma dezena de deputados.
Essa é a dinâmica tradicionalmente vista em redes sociais, como o Instagram e Facebook, onde usuários profissionais das plataformas comunicam com destreza e na busca contínua de novos seguidores, negócios, reconhecimento, etc. Quando o cenário das publicações se desloca para o Congresso Nacional, as transmissões ao vivo ou gravadas para posterior publicação, adquirem um viés político e ideológico muito forte, pois cada deputado busca firmar seu ponto de vista para os seus seguidores, buscando uma espécie de consentimento para a escolha a ser feita e, logicamente, engajamento na sua rede.
“Parlamentares se destoam do propósito das redes sócias, que é oferecer, basicamente, entretenimento aos seus usuários”
E é neste ponto que os parlamentares se destoam do propósito das redes sócias, que é oferecer, basicamente, entretenimento aos seus usuários. As publicações daquele momento traziam apenas uma forte polarização, passando longe de um conteúdo que pudesse ser aproveitado jornalisticamente, por exemplo, e mais distante ainda de alguma coisa que pudesse entreter quem acompanhava as transmissões.
Ainda que o engajamento gerado pelos deputados seja expressivo, creio que tenham atingido apenas um propósito momentâneo de visualizações, curtidas e compartilhamentos. Após o fim da sessão e da transmissão, ou muito antes disso, os seus seguidores já estavam visualizando as próximas publicações, criando laços com conteúdos verdadeiramente próximos da realidade de boa parte dos usuários das redes. Os deputados da selfie não puderam mostrar aos seus públicos o quão importante era a referida sessão, mesmo porque não era o local, nem o momento e nem a plataforma adequada para fazer isso.
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Por Alessandra Fedeski. Jornalista com pós-graduação em marketing político. E-mail: afedeski@gmail.com.