Ex-meia do Vasco da Gama e seleção brasileira deixou, por ora, a função de comentarista esportivo. Juninho Pernambucano atuava em três veículos: TV Globo, SporTV e Rádio Globo. Motivos alegados pelo Grupo Globo para a saída são distintos de informações veiculadas por colunistas e sites
A pouco menos de um mês para o início da Copa do Mundo na Rússia, o Grupo Globo sofreu desfalque para a cobertura do evento esportivo. Contratado desde 2014, Juninho Pernambucano deixou o conglomerado de mídia. Apesar de empresa afirmar que a decisão ocorreu na última semana, a notícia foi divulgada pela imprensa nesta segunda-feira, 7. Os motivos relacionados à baixa divergem. A comunicação global vai por um lado, enquanto órgãos da imprensa defendem outras teses.
Oficialmente, a TV Globo informou, conforme ressaltado pelo colunista Flávio Ricco, que o ex-jogador pediu para deixar a emissora. “Na última sexta-feira, dia 4, Juninho Pernambucano solicitou a rescisão de seu contrato de trabalho com o Grupo Globo. Ele se afastará de suas funções como comentarista da Globo e do SporTV para tratar de assuntos pessoais”. A equipe de comunicação da emissora ressaltou, com isso, que a razão foi de inteira responsabilidade de seu contratado e sem relação com possíveis atritos internos.
Reportagem do UOL aponta, porém, para outra versão. De acordo com o material apurado por Dassler Marques, Gabriel Vaquer e Pedro Ivo Almeida, Juninho Pernambucano pediu rescisão por entender que não teria mais clima para ele na emissora. “Havia dentro do canal um clima de insatisfação com a postura do ex-jogador”, crava a matéria.
Na mesma linha, Cosme Rímoli, do R7.com, afirma que a TV Globo “estava incomodada pela agressividade” do ex-jogador. “Ele não tinha mais o menor ambiente nas emissoras cariocas”, pontuou o jornalista. “Juninho Pernambucano era agressivo demais nos seus comentários. Destoava do grupo Globo. Era nítido que o desconforto estava cada vez maior, quando ele participava dos programas que duram horas falando de futebol”, prosseguiu o blogueiro do site mantido pela Record.
Polêmica recente
A saída de Juninho Pernambucano no Grupo Globo foi definida dias após ele se envolver em polêmica. Ao participar do ‘Seleção SporTV’ de 30 de abril, o então comentarista teceu críticas aos setoristas – como são chamados os repórteres esportivos que acompanham o dia a dia dos clubes de futebol. Na ocasião, ele disse que os profissionais de hoje eram “muito piores” e que alguns serviam para repassar o que dirigentes querem colocar na imprensa.
“Matéria no sábado, o cara do UOL escreveu que os jogadores exigiram a troca de ônibus do Flamengo porque quicava. Mentira. Exige a troca porque ninguém quer sair com a bandeira do clube. Você é louco de sair com a bandeira e correr o risco de levar uma pedrada? Aí o cara irresponsavelmente, porque tem relação com o dirigente, setorista, vai e põe uma pilha dessa. Quem vê quer matar, Rizek. Os setoristas são muito piores hoje em dia. Eu sei que ganham mal, mas cada um tem o caráter que tem”, criticou o ex-jogador.
A análise de Juninho fez a direção do Grupo Globo se posicionar de forma imediata. Durante a mesma edição do ‘Seleção SporTV’, o apresentador André Rizek leu nota emitida pelo comando da empresa de mídia. “O SporTV não concorda com a opinião e nem com a generalização. Há bons e maus profissionais. Temos mais de 30 setoristas trabalhando no grupo Globo e a eles toda a solidariedade”.
https://www.youtube.com/watch?v=wwrPxPZHjhc
Presença multimídia
Nos últimos tempos, Juninho Pernambucano vinha atuando em três veículos mantidos pelo Grupo Globo. Além de comentar jogos na televisão aberta, ele colaborava frequentemente com o SporTV e com a Rádio Globo. Previamente escalado para cobrir a Copa do Mundo diretamente da Rússia, o ex-meia do Vasco será substituído – nos canais de TV – pelo também ex-jogador Roger Flores. Pelas suas redes sociais, Juninho Pernambucano ainda não comentou publicamente o que o fez deixar a função de comentarista esportivo. A última postagem a respeito foi dar retuíte a informação de Flávio Ricco na última semana, de que a situação dele na empresa estava “insustentável”. Tudo leva a crer que, de fato, o “clima” do ex-jogador com colegas pesou na decisão.