Reinício. Assim pode ser definida a situação profissional de William Waack. Demitido da Rede Globo em meio ao episódio em que teve divulgado o vídeo em que aparece tecendo comentário de teor racista, em dezembro de 2017, o jornalista se prepara ser um dos principais rostos da programação da CNN Brasil. Nesta semana, ele foi anunciado como reforço pela nova empresa de comunicação que surge no país. Retorna com a promessa de conduzir telejornal a ser exibido em pleno horário nobre da TV.
Sobre a parceria que se inicia com a emissora de notícias, o premiado comunicador de 66 anos demonstra entusiasmo. Avalia, inclusive, que o trabalho tem tudo para ajudar a fazer história no campo das hard news. “É uma honra fazer parte desse projeto histórico para o jornalismo brasileiro”, comenta Waack, conforme comunicado disparado pela equipe da CNN Brasil à imprensa especializada. O âncora fez questão de colocar sua mais nova casa acima da concorrência. “É também a realização de um sonho profissional: estar na maior empresa de notícias do mundo”, enfatiza.
Enquanto Waack revela que tinha o sonho de trabalhar para a marca jornalística com presença internacional, o sócio-fundador e diretor geral da CNN, Douglas Tavolaro, sinaliza que tinha o sonho de contratar o jornalista que por décadas foi integrante da Rede Globo e da GloboNews. O executivo pontua que a contratação representa a chegada de capacidade analítica, credibilidade e inteligência. “Temos a convicção de que se trata de um dos maiores jornalistas do país”, elogiou o homem que comanda a mais nova empresa de comunicação ao lado do empresário mineiro Rubens Menin.
Vindo da mídia impressa e com experiência internacional, William Waack foi contratado pela Rede Globo em 1996. Na emissora da família Marinho, foi correspondente em Londres. repórter especial no Brasil e enviado especial a diversos países. Conciliou, por tempos, essas atividades com a função de apresentador da GloboNews, onde desde 2000 comandava os programas ‘Painel’ e ‘Sem Fronteiras’. Foi também comentarista de política em Brasília, atividade que desempenhava quando foi escolhido pela direção do canal para, ao lado de Christiane Pelajo, substituir Ana Paula Padrão no comando do ‘Jornal da Globo’, em 2005.
Por mais de 12 anos, William Waack esteve à frente do ‘Jornal da Globo’, seguindo no noticiário mesmo em meio a mudanças de formato, que, por exemplo, culminaram na saída de Pelajo e na definição de somente um âncora (ele). Seguiu também no semanal ‘Painel’, onde entrevistava figuras ligadas à análise política e a temas internacionais. Permaneceu nessa condição até novembro de 2017, quando um ex-funcionário da Globo divulgou vídeo que comprometeu a relação do apresentador com a emissora. Ao cobrir a eleição presidencial dos Estados Unidos diretamente de Washington, em 2016, o comunicador se irritou com o barulho de buzina e disparou: “seu merda do cacete. Nem vou falar quem é. Eu sei quem é. Você sabe quem é? É preto. É preto. É coisa de preto”, disse, direcionando-se ao entrevistado presente no estúdio, o historiador Paulo Sotero.
No mesmo dia em que o vídeo foi divulgado, a direção do Grupo Globo afastou Waack do ‘Jornal da Globo’ e do ‘Painel’. Um mês depois, comunicado oficial divulgado pela empresa de mídia confirmava o fim da relação profissional com o apresentador. Recém-contratado pela CNN Brasil, a carreira do jornalista não se resume ao infeliz comentário que lhe custou um emprego. Conquistou diversos reconhecimentos ao longo de 50 anos dedicados à comunicação social. Entre eles, estão duas edições do — hoje extinto – Prêmio Esso e um troféu do Líbero Badaró. Em 2006, venceu a categoria ‘Âncora de TV’ do Prêmio Comunique-se, evento em que foi indicado na mesma categoria em outras oportunidades.
O acordo de William Waack com a CNN Brasil prevê que o premiado jornalista ajude a produzir conteúdos para as contas da marca nas redes sociais. Atividade que não será nenhum mistério para ele. Meses depois de deixar a Rede Globo, ele lançou o projeto Painel WW, que conta com site e canal no YouTube. Para a plataforma de vídeos, o jornalista grava comentários sobre política e apresenta debates semanais. Parceiro da AllTV, o projeto audiovisual conta com mais de 642 mil inscritos, sendo que muitos dos conteúdos registram mais de 100 mil visualizações.
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