Sou defensora do setor de comunicação e como gestora e coordenadora de um grupo fechado nas redes socais de jornalistas/assessores, o Happy Hour dos Jornalistas (no Facebook), estou sempre presenciando algumas críticas dos dois lados do balcão, agência e redação. Sabendo que ambos têm suas angústias e dores, sempre procuro a moderação que estabeleça o mínimo de coerências das partes.
Mas, dias desses, recebi uma confidência de um jornalista sobre uma “sugestão de pauta” que é a coisa mais descabida do mundo, quando pensamos em como estamos conduzindo os trabalhos e treinando nossa equipe.
Estou falando de um jornalista da grande imprensa, experiente, extremamente profissional e que também lamenta tanta bola fora dos dois lados, porque no fim o que todos nós queremos é qualidade dos trabalhos. E qualidade em escala.
Não vou falar o que (o fato em si) e muito menos quem foi o autor da bizarrice, pois o objetivo não é expor ninguém. Mas vivemos em um tempo difícil, por vezes desesperador da comunicação, das pautas e busca por espaços nobres e clippings. Mas se queremos respeito por nosso trabalho, não dá para cometer falhas primárias.
É com esse sentimento de impotência que a única coisa que dá para falar é: assessores, afinem seus mailings. Avaliem a pauta, o veículo em questão. Estude o cotidiano dessa mídia escolhida. Conheça suas práticas, seu estilo, sua linha editorial. Se tiver dúvida, melhor abrir seu coração e perguntar para o coleguinha do que achar que “ele não vai perceber” o famoso se colar, colou. Não se iluda, não cola.
E gestores, cuidado com a pressão do seu cliente em relação aos trabalhos, sobre o que deve ser divulgado, seus pedidos mais pessoais ou pura ignorância. Não é a mudança de logo da cor verde limão para o verde mate que é notícia, poupe o assessor de sua agência, em especial o jovem, que, se não treinado, cometerá tais falhas como essas e consequentemente jogará para baixo o serviço. Não se omita de sentar, avaliar, explicar o contrário, para evitar que sua agência, em nome dessa pressão, passe por desconforto e vergonha alheia.
Quem são (ou deveriam ser) especialistas em comunicação, são vocês e não o cliente.
Quando pedirem que você divulgue algo obviamente não noticioso e inadequado para aquele veículo, não tenha medo de explicar como funcionam as regras.
Uma vez um cliente sugeriu que eu divulgasse uma notícia irrelevante para o público geral, por pura falta de entendimento. Eu calmamente o convidei para o exercício da empatia. Pedi que ele se imaginasse jornalista do outro lado, ávido por informações que impactassem a vida do cidadão – e como ele reagiria, recebendo aquele e-mail com a sugestão que ele estava me pedindo para fazer.
Imediatamente ele entendeu e nunca mais falamos do assunto e a vida seguiu e todo mundo saiu ileso. Por favor, salve-se, se você quer que seu cliente seja um alvo positivo e não que sua agência seja motivo de chacota. Pense nisso pela qualificação e respeito aos trabalhos.
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Por Iza França. Jornalista, relações públicas e sócia-diretora da Content.PR/MD, uma empresa do Grupo MD. E-mail: iza.f@md.com.br.
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