O mercado de mídia enfrenta dificuldades, sobretudo no Brasil. Há meses, o público viu a revista Época ser descontinuada pelo Grupo Globo e conferiu, nesta semana, a decisão da Folha de encerrar o Agora São Paulo. Um veículo de comunicação do país, contudo, foge à regra e, no momento, se destaca positivamente — com direito a destaque internacional. O título em questão atende pelo nome de Metro Jornal.
Mantida pelo Grupo Bandeirantes de Comunicação em parceria com a empresa Metro Internacional, a versão brasileira do Metro Jornal existe desde 2007, mas se viu diante da necessidade de se reinventar em meio à pandemia. Em março do ano passado, a publicação suspendeu a circulação da edição impressa na cidade de São Paulo, onde 100 mil exemplares eram distribuídos gratuitamente pelas ruas e avenidas. Isso se deu porque, justamente pelas restrições de circulação impostas pelo combate à Covid-19, o público sumiu — assim como os anunciantes.
Com tal cenário, a possibilidade era a de a marca Metro Jornal deixar de existir de vez no Brasil. No entanto, o que ocorreu foi a superação e a implementação de projetos digitais. A continuação do veículo, mesmo que de modo digital, surpreendeu inicialmente até mesmo a equipe, revela a editora-chefe Ivana Moreira. “Mas, enquanto a direção tentava, às cegas, tomar uma decisão sobre o futuro do negócio (fechar era a alternativa mais provável), resolvemos ‘sobreviver’”, conta a jornalista.
O relato de Ivana está devidamente registrado em artigo desenvolvido a pedido da International News Media Association (Inma), entidade internacional de jornal. No texto, a executiva do Metro Jornal explica que, para “sobreviver” e, mesmo em meio à pandemia, voltar a operar no azul, o papel deu lugar a ações pensadas exclusivamente para o online. Com essa nova estratégia, nasceu, por exemplo, o projeto inicialmente chamado de “Metro em Casa” (hoje rebatizado de “Metro na Tela”). Nada mais era do que as edições diárias enviadas em PDF por e-mail e WhatsApp.
Estávamos começando a inventar não apenas um produto novo, mas uma nova empresa
De acordo com o Grupo Bandeirantes de Comunicação, o sucesso foi imediato. Em poucas semanas, mais de 20 mil leitores já haviam se cadastrado para continuar a receber — diariamente — o conteúdo do Metro Jornal, que passou a focar no formato digital. “Sem saber, estávamos começando a inventar não apenas um produto novo, mas uma nova empresa”, comemora a editora-chefe.
Atualmente, a versão digitalizada do Metro Jornal é entregue a mais de 50 mil pessoas. E detalhe: o simples PDF deu vez a uma plataforma desenvolvida pela Page Suíte, do Reino Unido. Com isso, a publicação se tornou um case de sucesso aos olhos do Inma. Para a entidade, o título brasileiro passou a ser motivo de inspiração para empresas de mídia espalhadas em todo o mundo. O site do GX Press, da Austrália, enalteceu o trabalho da equipe brasileira.
Com o sucesso do “Metro na Tela”, a versão impressa do Metro Jornal no Brasil deixou de ser o único ativo da marca. O tabloide, no entanto, volta às ruas de forma esporádica, somente quando há anunciantes interessados, reforça o Grupo Bandeirantes de Comunicação. A estratégia de seguir com o impresso em formato sob demanda do mercado publicitário tem dado certo, com ele circulando (e seguindo com a distribuição gratuita) duas ou três vezes por semana.
Estamos cheios de planos para aumentar nossa relevância como veículo de comunicação
Ou seja: se não há anunciante, não há jornal impresso, o que evita custos com gráfica e serviço de distribuição. “E isso mudou tudo”, enfatiza a diretora financeira do Grupo Bandeirantes de Comunicação, Sara Velloso, que reforça: o Metro Jornal do Brasil voltou a ser um negócio lucrativo. Mais do que isso: os resultados a partir da digitalização são melhores do que os registrados nos anos anteriores da pandemia da Covid-19.
“E estamos cheios de planos para aumentar nossa relevância como veículo de comunicação”, afirma Sara ao lembrar que o próximo ano tende a ser de comemoração para a publicação. Em maio de 2022, o Metro Jornal completará 15 anos de circulação no país.
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