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Reforma trabalhista: relato de um jornalista que atua como PJ

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Eu sou trabalhador terceirizado há alguns anos. Terceirizado full desde 2014, quando fui demitido do meu último emprego CLT. O patrão que me demitiu na ocasião estava certo no diagnóstico, mas sabia que estava “me jogando aos leões”: “Infelizmente assessoria de imprensa não é pra você, Pedro. Você é repórter”. Peguei minhas coisas, fiquei triste e fui procurar empregos no dia seguinte. Felizmente, tinha experiência como freelancer e uma vantagem muito boa no mercado de jornalismo: 25 anos, uma carta de recomendação de emprego anterior, já tinha passado por um site da maior rede de TV do Brasil e tinha mais dois anos nas costas na maior editora de revistas da América Latina. Desde o meu primeiro estágio, aprendi a fazer currículo e usar minha lábia tanto em entrevistas quanto em fazer redes profissionais. Apesar de encarar alguns embates profissionais muito sérios, em geral eu sempre saí dos empregos com um laço de amizade com a chefia e, sobretudo, com meus pares.

A Reforma Trabalhista que a Câmara e o Senado aprovaram hoje não vai afetar a minha carreira profissional. Vai afetar quem não está preparado para encarar um mercado sem garantias ao trabalhador, sobretudo aqueles que são novos ou velhos demais para serem selecionados – no caso dos últimos, salários incompatíveis com seus atributos profissionais. São estes que vão sofrer e são eles que deveriam ter garantias constitucionais para ter qualidade de vida no trabalho dentro do Brasil, coisa que o senhor Michel Temer e agentes do mercado estão fazendo questão de destruir para “pagar menos impostos” e abastecerem seu lobby.

Embora eu tenha muitos prazeres com meu trabalho de jornalista, o que a vida de terceirizado não explica é o quanto ela acaba com sua vida pessoal. Já perdi namorada, companhia da minha família e estabilidade emocional pela sobrecarga absurda de “trabalhar por produção”. Não estou nem de longe ganhando mal hoje em dia e acredito que muitas das dificuldades que passei foram boas para o meu crescimento profissional. Mas, como diria o filme Clube da Luta, você não é o seu emprego.

Você não é o quanto ganha por mês ou a tal da sua “produtividade”. Você é um ser humano que deveria ser respeitado como humano antes de ser uma engrenagem empresarial, peça da macroeconomia ou só uma estatística para um governo.

Perder isso, sim, é imperdoável.

Além de ser trabalhador terceirizado desde 2014, eu tento empreender desde 2015 na comunicação. A falácia de que a CLT tem que acabar para o Brasil “ter uma maior cultura empreendedora” também é oca por dentro.

Os governos petistas, que são odiados por boa parte da elite empresarial brazuca, foram os mesmos que criaram o MEI e aperfeiçoaram o Simples Nacional, facilitando tanto meu trabalho como terceirizado quanto minha participação em empresas. Não é a flexibilização das férias ou de direitos trabalhistas que vão tirar as companhias brasileiras do atoleiro que se meteram. É um projeto de país que atraia investimentos e irrigue a saúde do mercado interno.

Sabe o que eu mais gostaria como empreendedor no jornalismo? De receber investimentos de maneira consistente. De encontrar novas oportunidades de colocar o meu negócio para rodar, tanto como produção de conteúdo quanto como canal de divulgação. Não é quebrando o salário e os benefícios dos nossos colegas trabalhadores que isso vai acontecer.

E nem apostando num presidente extremamente impopular internacionalmente, como é Michel Temer, que a crise vai se atenuar.

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Pedro Zambarda

Jornalista e escritor. Teve experiência na Editora Abril (Exame.com) e Globo.com (TechTudo). Atualmente, é editor dos projetos DigiClub, Drops de Jogos e Geração Gamer, além de ser repórter do site Diário do Centro do Mundo (DCM), onde também apresenta vídeos e entrevistas no canal no YouTube.

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