O ano começou com demissões em grupo de comunicação baseado no Nordeste. O Sistema Verdes Mares (SVM), do Ceará, enxugou os seus quadros de funcionários. Assim, terminou a semana passada com pelo menos 12 jornalistas dispensados. O ocorrido foi definido como “desmonte” por entidade sindical local.
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Responsável por revelar o passaralho em seu site oficial, o Sindicato dos Jornalistas no Ceará (Sindjorce) repudiou a decisão adotada pela direção da empresa de mídia. Em nota assinada em conjunto com a Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj), a entidade classificou o caso como “demissão em massa”. Juntas, as duas instituições reclamaram do que chamam de mais uma onda de dispensas — seria a terceira no grupo desde 2018.
Outra mensagem evidente é que as empresas jornalísticas estão acabando com o próprio jornalismo
“Mais uma vez, os cortes nas redações causaram profunda indignação e comoção em toda a categoria dos jornalistas no Ceará, por enviar o forte recado de que trabalhadores são descartáveis na engrenagem do negócio da comunicação”, reclamam Sindjorce e Fenaj. “Além disso, outra mensagem evidente é que as empresas jornalísticas estão acabando com o próprio jornalismo.”
Além de lamentar o chamado “desmonte” do SVM, o Sindjorce pontuou estar à disposição para auxiliar os jornalistas demitidos na última semana. Fora os profissionais de redação, a entidade alega que funcionários de outras áreas também foram afetados. Os cortes teriam atingido os empregos nos setores de recursos humanos, call center e engenharia.
Estrutura do Sistema Verdes Mares
O Sistema Verdes Mares é o braço midiático do Grupo Edson Queiroz. Com sede em Fortaleza e sucursal em Juazeiro do Norte, na região cearense conhecida como Cariri, o SVM controla emissoras de rádio e veículos de comunicação online. O G1 Ceará, o Diário do Nordeste e a Rádio Verdes Mares (Verdinha) são algumas das marcas da empresa, que também é responsável pela TV Diário e pela TV Verdes Mares, afiliada local da Rede Globo de Televisão.
Entidades criticam o SVM
Leia, abaixo, a íntegra da nota de repúdio assinada pelo Sindjorce e pela Fenaj contra a direção do Sistema Verdes Mares (SVM). Até o momento, o grupo não comentou publicamente as demissões ocorridas na semana passada.
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará (Sindjorce) e a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) vêm a público condenar as demissões ocorridas, nesta segunda-feira (17/01), no Sistema Verdes Mares. Até o fechamento desta nota, pelo menos 12 jornalistas de diversos veículos do grupo já haviam sido demitidos. O número chega a 13 trabalhadores do jornalismo, levando em consideração outra dispensa realizada neste mês. Há também informações de baixas em outros setores do conglomerado, com demissão de radialistas, motoristas e profissionais que atuavam em setores estratégicos como recursos humanos, call centers e na engenharia das empresas da Capital e da região do Cariri.
De 2018 para cá, essa é a terceira onda de demissão em massa registrada no SVM, que, desde a chamada integração das redações dos veículos jornalísticos, vem dispensando sistematicamente profissionais. O último “passaralho” ocorrido, datava do fim da edição impressa do Diário do Nordeste, há quase um ano, em fevereiro de 2021.
Mais uma vez, os cortes nas redações causaram profunda indignação e comoção em toda a categoria dos jornalistas no Ceará, por enviar o forte recado de que trabalhadores são descartáveis na engrenagem do negócio da Comunicação. Além disso, outra mensagem evidente é que as empresas jornalísticas estão acabando com o próprio Jornalismo.
Uma das facetas mais cruéis das demissões no Sistema é que elas ocorrem em meio a uma crise econômica sem precedentes e em plena pandemia do novo coronavírus. Para piorar, os profissionais foram demitidos na data-base dos jornalistas de rádio e TV, que é janeiro de cada ano.
Entre os colegas dispensados estão profissionais premiados e figuras de destaque da imprensa local, considerados referência no Jornalismo regional e nacional, com trabalhos de qualidade.
Os donos da mídia não levam em consideração que o Jornalismo sério só se faz com jornalistas. E em um cenário de tanta dificuldade, com a proliferação de fake news, é imprescindível a presença de profissionais com comprovado saber do jornalismo nas redações.
O Sindjorce informa que a estrutura da entidade está à disposição dos colegas demitidos, assim como a assessoria jurídica do sindicato está de plantão para analisar possíveis irregularidades cometidas pelo grupo empresarial durante as demissões.
Prestamos solidariedade aos profissionais dispensados dos mais variados setores do SVM. Lamentamos e vemos com pesar o desmonte deste que era um dos maiores empregadores de jornalistas do Nordeste.
O Sindjorce reforça, por fim, que esse dia triste para o Jornalismo e para os jornalistas cearenses não passará despercebido. Aos que continuam empregados, o sindicato destaca a necessidade de união e participação ativa na luta contra a precarização da nossa profissão.