Articulista-parceiro do Portal Comunique-se, Pedro Zambarda já foi alvo da ira do MBL. Em artigo, ele alerta: o grupo está atacando jornalistas de projetos de checagem
O MBL, de maneira covarde e irresponsável, está vazando imagens e dados privados de jornalistas das agências Lupa e Aos Fatos. Chamando as empresas de checagem de “esquerdistas”. Antes do atual episódio, o escriba destas linhas também já foi alvo do grupo de direita liderado por Kim Kataguiri.
Todo mundo deu risada quando o grupo de direita me mandou a foto de um traseiro. Poucos foram conferir que integrantes dos sites Jornalivre e Ceticismo Político, braços do Movimento Brasil Livre, chegaram a me chamar de “pseudo-jornalista”, “jornalista de extrema-esquerda” e outras asneiras. Os rapazes me dedicaram textos e textos meramente porque questionei os meios de financiamento deles, afirmei que era um grupo de direita e também apontei as ligações deles com Michel Temer e João Doria Jr.
Não foi somente somente comigo. O mesmo foi feito pelo MBL contra jornalistas da CBN, da Folha de S. Paulo e de muitos outros veículos. Aproveitando o alcance que os rapazes conseguiram no Facebook, eles reivindicam a si mesmos a propriedade para julgar, ideologicamente, as pessoas que os criticam. E utilizam seus seguidores para difamar, intimidar e tentar desmoralizar seus alvos.
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Felizmente, acredito que o MBL, caso continue adotando tais métodos, caminha para a lata do lixo da história.
O grande problema, na verdade, é que os métodos deles são adotados por outros grupos da direita, incluindo a extrema-direita que venera Jair Messias Bolsonaro.
É esse tipo de comportamento antidemocrático e autoritário com jornalistas que está mergulhando o país na atual polarização. A direita que se centrou na perseguição ao PT está, há muito tempo, criando uma “guerra cultural” sem sentido e absurda contra profissionais de comunicação que democraticamente questionam os seus métodos.
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Se o MBL manda um pênis de borracha para um grupo de checagem de fatos, sua ideia não é ser um grupo político idôneo. Está mais para uma reunião de doutrinadores.