No Dia Mundial do Orgulho Gay, a TV Brasil exibe documentário inédito que conta a história da Parada LGBTI de São Paulo ao longo de 22 anos. Considerada uma das maiores do mundo, a parada paulista estourou a partir do ano 2000, quando cerca de 100 mil pessoas foram ao evento, e culminou este ano com um público de três milhões de participantes. O documentário “A Maior Parada do Mundo” vai ao ar na quinta, 28, às 22h45, na TV Brasil.
Com 30 minutos, o documentário traz o depoimento de militantes do movimento LGBTI, que participam desde 1996 da Parada. “Em pouco tempo, se chegou a uma quantidade gigantesca de pessoas”, diz Nelson Matias Pereira, Gestor Ambiental, e um dos veteranos da parada. Para ele, a parada representa “resistência”.
Ex-presidente da Associação da Parada do Orgulho de Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros (Apolgbt), ONG responsável pela organização e realização da parada, o advogado Fernando Quaresma argumenta que a Parada “significa um momento de luta para manter a igualdade de direitos, que conseguimos avançar” até os dias de hoje.
Ele lembra que, nos últimos anos, a comunidade LGBT conquistou alguns direitos importantes, como a pensão por morte para o companheiro ou companheira, a adoção de filhos e a possibilidade de colocar o companheiro ou companheira como dependente no plano de saúde. “Saímos da invisibilidade”, diz Quaresma.
A primeira Parada do Orgulho Gay aconteceu em São Paulo, em 1996. “Essa primeira parada aconteceu como uma manifestação. Reuniu umas 200 pessoas”, relembra a drag queen Kaka di Polly. Desde então, o movimento cresceu: foram cerca de dois mil participantes em 1997; seis mil, em 1998; e 30 mil em 1999. A partir do ano 2000, quando atingiu a marca dos 100 mil participantes, a Parada não parou mais de crescer. Desde 2006, o público gira em torno dos três milhões de participantes.
“Em 1996, foi um momento inédito no Brasil”, resume o jornalista André Fischer, diretor do MixBrasil. “Trabalhamos muito na parada de 1999 e mais ainda na do ano 2000 no esforço de criar a ideia de uma cultura LGBT, uma cultura inclusiva”, observa a editora Laura Bacellar.
A Parada do Orgulho LGBTI de São Paulo é sempre realizada no domingo seguinte ao feriado de Corpus Christi, que sempre cai numa quinta-feira. “Não é uma data fixa. Ela acontece sempre nesse feriado prolongado. Colocamos nesse domingo para que as pessoas pudessem vir para São Paulo”, explica Franco Reinaldo, Diretor do Museu da Diversidade Sexual.
O Dia do Orgulho LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e pessoas intersex) é celebrado em 28 de junho, data lembrada mundialmente porque marca um episódio ocorrido em Nova Iorque, em 1969. Naquele dia, as pessoas que frequentavam o bar Stonewall Inn, até hoje um local de frequência de gays, lésbicas e trans, reagiram a uma série de batidas policiais que eram realizadas ali com frequência.
O levante contra a perseguição da polícia às pessoas LGBTI durou mais duas noites e, no ano seguinte, resultou na organização na 1° parada do orgulho LGBT, realizada no dia 1° de julho de 1970, para lembrar o episódio. Hoje, as Paradas do Orgulho LGBT acontecem em quase todos os países do mundo e em muitas cidades do Brasil ao longo do ano.
Em 2018, a 22ª edição da parada paulista ocorreu no dia 3 de junho e teve como tema “Poder para LGBTI+ Nosso Voto, Nossa Voz”. As apresentações musicais ficaram a cargo das cantoras Anitta e Pabllo Vittar. No documentário, os organizadores da Parada rebatem as críticas de integrantes do movimento.
“Fico chateado quando ouço dizer que a parada perdeu o caminho, que virou um carnaval fora de época. A parada em si já é um ato político pelo simples fato de as pessoas estarem lá por uma causa”, diz Franco Reinaldo. “O que dói mais é as críticas da comunidade. Que acha que não precisa da parada, que a parada é um carnaval. Mas esse carnaval é que mudou muito o posicionamento das pessoas. Depois da parada tem uma tolerância um pouco maior”, observa Cláudia Garcia, Presidente da Apolgbt-SP.
“A Maior Parada do Mundo” – quinta-feira, dia 28, às 22h45, na TV Brasil. A data é reconhecida por ser o Dia Mundial do Orgulho Gay.
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