Um país conduzido pelas falcatruas comandadas por uma empreiteira. Essa é a mensagem que as duas principais revistas semanais do país propagam em suas capas que circulam nas redes sociais desde a noite de quinta-feira, 13. A Veja usa o brasão brasileiro para informar que estamos na “República Federativa da Odebrecht”. A Época, por sua vez, foi mais concisa e tirou a forma de governo em sua manchete: “República da Odebrecht”.
Além de se referir ao Brasil como um Estado sob as ordens da construtura encrencada na Lava Jato, a revista produzida pela Editora Abril fez outra troca no brasão do país. Em vez da data de proclamação da República – 15 de novembro de 1889 -, o semanário fez uso da frase dita pelo presidente do conselho de administração da Odebrecht, Emílio Odebrecht. Em depoimento à força-tarefa da operação mantida pela Polícia Federal, o empresário-corruptor disse que correligionários do ex-presidente Lula estavam “com a goela muito aberta” para receber propina.
Como ocorre desde a última reformulação de seu site, no começo do segundo semestre de 2016, a Veja reproduz trecho de sua reportagem de capa no ambiente online. Quem acessa a Veja.com tem contato com parte da matéria assinada pelo editor-sênior da sucursal da revista no Distrito Federal, Daniel Pereira. Na chamada, o veículo de comunicação explica o que o levou a definir o Brasil como República Federativa da Odebrecht. “Com um propinoduto oceânico, a empreiteira comprou as cúpulas do governo, do Congresso e dos principais Estados – um verdadeiro poder paralelo”, afirma a publicação.
A revista da Editora Globo crava, na capa, que o caso de polícia envolvendo políticos, partidos e a empreiteira é “o maior esquema do mundo”. O impresso garante, ainda, que analisou a “gravidade das suspeitas contra cada um dos 93 políticos mais importantes da lista de Fachin”. Na terça-feira, 11, conforme reportagem assinada por Breno Pires no site do Estadão, o relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, acatou o pedido da Procuradoria-Geral da República e autorizou a abertura de 83 inquéritos, que atingem 108 alvos do cenário da política.
Assim como feito pela Veja, a Época apresenta trecho de sua reportagem de capa na internet. No site, o texto é assinado pelo diretor de redação do título, João Gabriel de Lima. “Não há como minimizar a bomba atômica que caiu em Brasília na semana passada. Nunca uma investigação policial revelou um esquema de corrupção tão sofisticado quanto o que foi montado”, diz parte do conteúdo disponibilizado da web, que lembra: o fato criminoso existe há mais de três décadas, com direito a operações em outros países além do Brasil. ” Cabe separar culpados de inocentes”, salienta, porém, o veículo de comunicação.
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