Violência de gênero no trabalho é problema para muitas jornalistas

Uma em cada duas jornalistas sofre violência de gênero no trabalho. Mais de 65% não apresentam denúncia formal sobre os casos

Quarenta e oito por centro das mulheres jornalistas sofreram violência de gênero no ambiente de trabalho. Esse é um dos resultados de uma enquete da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), que conversou com quase 400 profissionais de 50 países. Os números são alarmantes e revelam que em 85% dos casos nenhuma atitude foi tomada contra a violência e seus praticantes. As informações são do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo.

O levantamento foi realizado na véspera do Dia mundial de Combate à Violência contra Mulheres, lembrado em 25 de novembro. Os dados mostram que as formas mais comuns de violência de gênero sofrida pelas jornalistas são: abuso verbal (63%), abuso psicológico (41%), assédio sexual (37%), exploração econômica (21%) e violência física (11%). Os atacantes são na maioria de fora do local de trabalho (45%) – como fontes, políticos, leitores e ouvintes-, chefes ou superiores (38%) ou anônimos (39%). Apenas 26% dos locais de trabalho têm uma política que abrange violência de gênero e assédio sexual.

Além disso, a enquete mostra que 66% das respondentes não apresentem denúncia formal sobre os casos de violência. Das que denunciam, 84,8% não consideram que foram tomadas medidas adequadas em todos os casos contra os infratores. Outras 12,3% ficaram satisfeitas com o resultado final dos casos. Para a co-presidenta do Comitê de Gênero da FIJ, Mindy Ran, jornalistas de 50 países contam a mesma história e apontam para um caso de violência de gênero generalizada no mundo do trabalho. “Precisamos de ações urgentes para ajuizar os infratores e fazer com que as mulheres jornalistas se sintam confiantes o suficiente para denunciarem esses abusos”.

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O presidente da FIJ, Philippe Leruth, chama a atenção para o cenário preocupante. “O fato de que as mulheres se sintam livres para falar sobre os abusos que sofrem devria incentivar a implementação ou o reforço dos regulamentos, mas acima de tudo a sua implementação para pôr fim à violência e ao assédio sexual das mulheres. Além disso, mesmo nos empregos em que a igualdade de remuneração é garantida através de um acordo coletivo, uma política igualitária de promoção, livre de assédio dos trabalhadores, deve ser ativada para superar a violência econômica de que também são vítimas nossas colegas jornalistas”.

No Brasil, a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) também falou sobre o assunto em função do Dia Internacional de Combate à Violência Contra a Mulher. Em longo texto, a entidade afirma que sua comissão de mulheres vai se unir às mulheres vítimas das violências no ambiente de trabalho. “Precisamos urgentemente encontrar formas de criar redes de apoio e solidariedade às vítimas para que se quebre o silêncio sobre estas violências também entre nós jornalistas que sempre cumprimos o dever de denunciar todas as formas de preconceito, discriminação e abusos contra a dignidade humana. É necessário que o façamos também no ambiente em que precisamos de estabilidade para cumprir esta determinação do nosso compromisso ético e profissional”.

Para ver a íntegra do texto da Fenaj, clique neste link.

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