Comunicação

ABI reclama de “ataque criminoso de bolsonaristas” contra a Editora Três

O ato promovido na noite de quarta-feira, 20, contra a sede da Editora Três, em São Paulo deve ter sido organizado por apoiadores do presidente da República. Ao menos é o que acredita a Associação Brasileira de Imprensa (ABI), que classificou o episódio, com pichações e cartazes com ofensas à empresa de comunicação e profissionais que nela trabalham, como “ataque criminoso de bolsonaristas”.

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O movimento de vandalismo fez referência à capa da edição passada da IstoÉ, revista semanal publicada justamente pela Editora Três. Em vez de Jair Bolsonaro aparecer sendo definido como “genocida” e “mercador da morte”, os cartazes colados na fachada do conglomerado de mídia, no bairro paulistano da Lapa, definem o publisher Caco Alzugaray como “vacilão” e “mercador de merda”.

Conforme é possível ler em um dos cartazes, a publicação é definida como produtora de “jornalixo”. Enquanto isso, os profissionais da Editora Três são chamados de “colaboradores de merda”. A reclamação exposta pelos vândalos é a de que o publisher e os jornalistas da IstoÉ não teriam respeitado o presidente Bolsonaro.

É uma afronta à liberdade de imprensa e deve ser repudiado por todos os democratas

Paulo Jeronimo, presidente da ABI

Diante de tal cenário, o presidente da ABI, Paulo Jeronimo, fez questão de registrar não ter dúvidas de qual grupo político foi responsável pela ação contra a Editora Três. Além disso, ele avalia que a IstoÉ não foi a única vítima do protesto. “Este atentado, claramente bolsonarista, é uma afronta à liberdade de imprensa e deve ser repudiado por todos os democratas”.

Entidades se unem em favor da IstoÉ

A ABI não foi a única entidade a repudiar o vandalismo contra a sede da Editora Três. Em nota conjunta, outras três instituições se uniram para condenar o ato e prestar solidariedade à direção e à redação das revistas mantidas pela empresa: Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), a Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) e a Associação Nacional de Jornais (ANJ). Elas enfatizam, no entanto, que ninguém assumiu a autoria do ataque até o momento.

É essencial que as autoridades tomem as medidas necessárias para identificar e denunciar os autores dos ataques

Aber, Aner e ANJ

“Representam ações antidemocráticas, que não podem ser toleradas em um país em que a Constituição preza pelos direitos à liberdade de imprensa e de expressão”, afirmam as três associações. “As entidades condenam os atos de desonra aos editores e diretores da publicação, que vieram a partir de manifestações extremistas. É essencial que as autoridades tomem as medidas necessárias para identificar e denunciar os autores dos ataques, de forma que a integridade dos jornalistas da Editora Três possa ser mantida”, prosseguem, em nota divulgada na internet.

Atitude intolerável, lamenta a Editora Três

Com a fachada de sua sede pichada e com cartazes colados, a Editora Três se posicionou publicamente. Em nota oficial, a empresa de comunicação definiu o episódio como “intolerável”, mas avisou: os vândalos não terão sucesso na tentativa de intimidar os profissionais da casa. “A intolerância, o fanatismo e a covardia de grupos extremistas serão combatidos pelo bem da estabilidade democrática”, afirma o comando do conglomerado.

Confira, abaixo, a íntegra da nota oficial da Editora Três:

A Editora Três, responsável pela publicação das revistas ISTOÉ e ISTOÉ Dinheiro, repudia os ataques criminosos praticados por parte de ativistas políticos que, na noite desta quarta-feira, 20, picharam muros e paredes da sede da empresa jornalística com cartazes apócrifos agredindo a integridade física e patrimonial deste grupo de mídia, que defende o Brasil há mais de 45 anos.

As pichações e os cartazes visaram não apenas danos ao patrimônio, mas também a honra de diretores das publicações, uma atitude intolerável. A ISTOÉ considera que esses atos antidemocráticos representam uma tentativa de ameaça à democracia, à liberdade de expressão e à imprensa livre, democrática e independente, garantidos pela Constituição.

Essas agressões acontecem em razão do jornalismo crítico e independente adotado pela editora, e vêm na esteira do extremismo político instalado no País nos últimos anos. Elas têm o objetivo de intimidar, mas não terão sucesso. A intolerância, o fanatismo e a covardia de grupos extremistas serão combatidos pelo bem da estabilidade democrática.

A Editora Três adotou todas as medidas necessárias para denunciar e identificar os autores desses atos. A polícia já foi acionada e está realizando diligências. Tudo será feito para garantir a tranquilidade da equipe e dos colaboradores, reafirmando a defesa enfática do Estado Democrático de Direito.

Editora Três

Leia também: Direito de resposta? AGU quer capa da IstoÉ com elogios a Bolsonaro

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Anderson Scardoelli

Jornalista "nativo digital" e especializado em SEO. Natural de São Caetano do Sul (SP) e criado em Sapopemba, distrito da zona lesta da capital paulista. Formado em jornalismo pela Universidade Nove de Julho (Uninove) e com especialização em jornalismo digital pela ESPM. Trabalhou de forma ininterrupta no Grupo Comunique-se durante 11 anos, período em que foi de estagiário de pesquisa a editor sênior. Em maio de 2020, deixou a empresa para ser repórter do site da Revista Oeste. Após dez meses fora, voltou ao Comunique-se como editor-chefe, cargo que ocupou até abril de 2022.

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