Relatório apresentado nesta semana pela organização não governamental (ONG) Repórteres Sem Fronteiras trouxe novidade negativa para o Brasil perante o mundo em relação à prática jornalística. Isso porque a edição 2021 do “Ranking Mundial da Liberdade de Imprensa” mostra que o Brasil foi rebaixado. Agora, o país está na “zona vermelha” da classificação, que conota a dificuldade do trabalho da mídia em determinada localidade.
Com o rebaixamento na análise da ONG, o Brasil passa a ter companhias de países como Nicarágua, Rússia, Filipinas, Índia, Turquia, Venezuela e Sudão. Com a queda, o Brasil passou a ficar atrás de nações como Bolívia, Guiné e Moçambique na lista que se propõe a alertar para as dificuldades da prática jornalística pelo mundo.
Anteriormente, o Brasil estava enquadrado pela Repórteres Sem Fronteiras como integrante da “zona laranja”, o que representava algo como “sensível” em relação ao trabalho da imprensa. Diante do rebaixamento enfrentado neste ano, o país acumula quatro quedas consecutivas no ranking. Da 102ª colocação em 2018, passou para a atual 111ª posição — de 180 países e territórios mapeados pela ONG internacional.
No relatório, a equipe da própria entidade chega a mencionar o presidente brasileiro. De acordo com o material divulgado pela ONG, Bolsonaro e equipe ajudaram o Brasil a cair no ranking, sobretudo por não comunicar de forma simples e transparente dados relacionados aos números da pandemia da Covid-19. “O acesso aos números oficiais sobre a epidemia tornou-se extremamente complexo devido à falta de transparência do governo de Jair Bolsonaro”, diz trecho do relatório. “[Ele] tentou por todos os meios minimizar a escala da pandemia, gerando inúmeras tensões entre as autoridades e os meios de comunicação nacionais”.
A atuação diante da pandemia não foi o único ponto observado pela Repórteres Sem Fronteiras ao criticar o mandatário brasileiro. A ONG destacou que pessoas próximas ao presidente da República, principalmente seus familiares, têm histórico de atacar verbalmente o trabalho de profissionais da imprensa e meios de comunicação.
“O presidente Bolsonaro, seus filhos que ocupam cargos eletivos e vários aliados dentro do governo insultam e difamam jornalistas e meios de comunicação quase que diariamente, escancarando o desapreço pelo trabalho jornalístico”, reclamam publicamente os organizadores do relatório, que foi oficialmente divulgado em live que contou com a participação da jornalista Patrícia Campos Mello. Diretora da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e repórter especial da Folha de S. Paulo, ela processo Bolsonaro ao ser alvo de comentário por parte do presidente. Em primeira instância, o político foi condenado a pagar indenização de R$ 20 mil.
Mesmo inserido na “zona vermelha”, o Brasil não está necessariamente no extremo negativo do ranking da ONG Repórteres Sem Fronteiras, pois ainda há a “zona preta”, para representar “situação grave”. De acordo com a entidade, as cinco piores posições na questão de liberdade de imprensa são ocupadas por Djibuti (176), China (177), Turcomenistão (178), Coreia do Norte (179) e Eritreia (180).
Pelo extremo positivo, o quinteto de países na liderança do ranking de liberdade de imprensa é formado por quatro nações nórdicas e um país da América Central: Costa Rica (5º), Dinamarca (4º), Suécia (3º), Finlândia (2º) e Noruega (1º). Além deles, outros sete países foram classificados na “zona branca”, onde o trabalho da mídia é definido em “boa situação”.
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