Opinião

Comunicação e reputação na era das telas – por Manuela Ponfick

Segundo o último levantamento do IBGE, 82,7% dos brasileiros têm acesso à internet em casa. Cada vez mais conectado, o cidadão também busca informações médicas online. Outro estudo de buscas da bigtech Google revela que o Brasil é o país em que as procuras referentes à saúde mais cresceram no mundo no último ano. O levantamento mostrou que aproximadamente 26% recorrem ao site como a primeira fonte. Em 35% dos casos, a procura é direcionada a um profissional de saúde específico. Hoje essa pesquisa já se estende também às redes sociais do profissional.

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Para os médicos que fazem parte da geração conhecida como nativos digitais – pessoas que nasceram aproximadamente após 1985 e que cresceram familiarizadas com a tecnologia – a presença digital é realizada de uma maneira muito mais fácil e simples. Esse termo foi criado em 2001, pelo professor e educador americano Marc Prensky, e tinha como objetivo estudar o comportamento dos alunos nas salas de aula.

Hoje a expressão serve de definição para essa nova geração que é familiarizada com a tecnologia, atuante nas redes sociais e que, em muitos casos, age como influenciadores digitais dentro de suas comunidades virtuais. Para esse grupo, a exposição do seu trabalho e a presença digital ocorrem mais facilmente.

Há também os imigrantes digitais que são as pessoas que nasceram antes de 1980 e que, apesar de não terem crescido com a tecnologia ao seu redor, se adaptaram bem a ela. Porém, enfrentam dificuldades e receios em lidar com as informações e com as constantes transformações da tecnologia e precisam se adaptar a essa linguagem.

A maior dificuldade é lidar com as constantes modificações das redes sociais, produzindo conteúdo de qualidade

Os nativos digitais aprendem rapidamente qualquer assunto ou demanda tecnológica enquanto os imigrantes digitais, por mais que já estejam “vivendo na era tecnológica”, enfrentam dificuldade para se acostumar às mudanças.

Para o segundo grupo, a maior dificuldade é lidar com as constantes modificações das redes sociais, produzindo conteúdo de qualidade, informativo e sem precisar recorrer às dancinhas em vídeo que estão se popularizando nos últimos tempos.

O artigo de hoje é justamente para auxiliar médicos e outros profissionais da saúde nesta jornada de comunicação no âmbito digital. Confira seis dicas importantes para fortalecer a sua presença no digital.

  1. Defina suas metas
    Pode parecer óbvio, mas definir suas metas é essencial pois vai trazer clareza a toda a sua trajetória digital.

    Essas definições vão nortear todos os próximos passos e escolhas, muitas delas feitas com pouco tempo e margem de manobra, então torne a sua própria vida mais simples. Alguns profissionais têm o intuito de aumentar o número de pacientes particulares em seu consultório, outros querem alçar novos vôos além da prática clínica e assim por diante.

    Para quem não sabe aonde quer chegar, qualquer caminho serve. E só você deveria decidir ativamente o rumo da sua carreira.
  2. Tenha Constância
    A recência aliada à frequência de compartilhamento de conteúdo são a combinação que deve ser pensada para começar uma jornada efetiva de criação que reverbere sua boa reputação para o âmbito digital. Em outras palavras, comprometa-se a ser constante com a sua audiência. Isso é tão fundamental no marketing digital quanto a criação de conteúdos alinhados à área de atuação do profissional.

    Quanto mais material é produzido e divulgado, mais possibilidade de conhecer a sua linha de atuação e personalidade seus possíveis pacientes terão e, consequentemente, você criar uma marca que atrai pessoas alinhadas com você e repele aqueles detratores.

    Em suma, a comunicação no digital exige que a produção seja constante e a linguagem seja alinhada com o canal de comunicação que você está usando.
  3. Conheça e selecione as melhores ferramentas
    Cada rede social tem a sua particularidade e a forma como os usuários se comportam e identificar o seu funcionamento faz a diferença em como o conteúdo será consumido pelos usuários.

    O Linkedin, por exemplo, é uma ferramenta excelente que pode ser utilizada para compartilhar informações técnicas a outros médicos. É uma rede para não nativos digitais e um meio excelente para quem quer expor o trabalho, mas não quer expor o seu rosto. Aqui você pode mostrar qualificação e ainda melhorar seu ranqueamento em buscas nos sites de pesquisa.

    Já redes como o Instagram tendem a funcionar com conteúdo mais superficiais e que tornem a sua marca mais conhecida.

    Ambas oferecem a possibilidade de sucesso, desde que bem utilizadas.
  4. Sirva sua audiência
    Assim como um bom líder é aquele que arrasta pelo exemplo, um bom criador de conteúdo é aquele capaz de identificar a dor da sua audiência e é capaz de mitigá-la.

    É necessário saber quem é o público-alvo, quais são as suas preferências por assuntos, o que eles buscam de informação e como o que você sabe poderá ser útil a eles. É importante definir, com clareza, o seu público-alvo e segmentar o conteúdo no que chamamos de linha editorial.

    Quais são as suas dúvidas? Como ela prefere o conteúdo? Gostam mais de explicações longas em vídeos ou textos? Qual horário essa audiência costuma estar mais ativa na rede social?

    É possível conseguir essas informações com a própria audiência, com as perguntas que chegam, com a resposta que dão aos conteúdos postados e com a forma que se comportam com determinados assuntos. Caso você ainda não tenha pessoas que lhe seguem, vale entrar em contato com profissionais de comunicação qualificados para ajudar nessas definições.
  5. Aprenda a postar com intenção
    A medicina impõe aos profissionais da área uma postura específica, porém as redes sociais pedem uma linguagem leve e humanizada. Para os mais jovens, essa adequação à maneira de se comunicar no meio digital acontece mais facilmente, conseguindo se adaptar às principais tendências que surgem.

    Quando falamos nas tais dancinhas, que vem se popularizando, muitos médicos mais experientes encontram aqui a maior dificuldade. Como aliar esses dois elementos: vídeos descontraídos e a imagem de seriedade?

    O primeiro passo é saber quem você é e qual é seu objetivo. Em seguida, é preciso entender a consequência algorítmica e reputacional da famigerada dancinha. Como já disseram seus pais, não é porque todo mundo faz que você tem que fazer.

    Vale salientar que a reputação do profissional será avaliada também pelo seu comportamento no digital e que a coerência deve continuar existindo. Haja no mundo virtual como na sua vida real.
  6. Proteja a sua reputação
    Como já dizia Warren Buffett, “São necessários 20 anos para construir uma reputação e apenas cinco minutos para destruí-la.” No final do dia, é isso que está em jogo.

    Assim como os pacientes procuram os médicos quando estão doentes porque aquele é o profissional capacitado para tal conduta, é necessário procurar ajuda quando há dificuldades no mundo digital.

    Uma alternativa são as consultorias realizadas por profissionais com ampla experiência e vivência na criação de presença digital.

    Quando não se sabe o que fazer, o Google pode ser a primeira opção, mas escolha com sabedoria se deve ser a última.

*Manuela Ponfick é fundadora e estrategista de comunicação digital na Soulcomm.

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