Em algumas ocasiões, nos deparamos com o seguinte dilema: é melhor falar verdades dolorosas ou escondê-las?
Na única rede de que, para não negar que o homem é um ser social, ainda faço parte, uma recrutadora pergunta a seus colegas de ofício se eles acham “de bom-tom informar ao candidato que está sendo desclassificado por causa de sua idade”.
Imaginando que o candidato desclassificado por minha amiga já tenha passado dos 30 anos, idade em que neste admirável mundo novo as pessoas já são consideradas velhas, dispensáveis, fico me perguntando por que todas as restrições da vaga já não ficam bem claras assim que ela é anunciada. Dessa forma, evitando a perda de tempo e o constrangimento tanto do candidato quanto do recrutador.
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Para a recrutadora que me inspirou a escrever este texto, é uma falta de respeito e sensibilidade informar ao candidato por que ele não se encaixou no perfil da empresa. Pode, Arnaldo, o recrutador não perdoar mentira na hora de conhecer o candidato, mas faltar-lhe com a verdade na hora de dispensá-lo?
Para ser sincero, não, mas quem tem coragem de dizer ao candidato que ele foi dispensado porque, por exemplo, não tem ensino superior, usa tatuagem, piercing, é homossexual, gordo, feio ou negro?
Não sei o que é pior: o recrutador “dizer que [o candidato] não se encaixou no perfil solicitado” ou não dizer nada, deixá-lo esperando, como se diz no mundo corporativo, um “feedback” até ele se cansar.