Pandemia não é fantasia da imprensa. Coronavírus tem feito com que empresas de comunicação e profissionais do setor mudem suas rotinas
Jornalistas cumprindo quarentena, seja de forma preventiva ou não, e empresas de comunicação adotando o sistema home office. Esses são os primeiros impactos da pandemia do coronavírus na imprensa do país.
Quarentena preventiva
Assim como Fernando Hessel, que cobriu a comitiva brasileira na Flórida, mais um jornalista está cumprindo quarentena por mera prevenção. Apresentador do Fox Sports, Benjamin Back não esteve no ‘FS Rádio’ desta terça-feira, 17. Também não estará à frente do programa ao longo das próximas semanas. O motivo? Ele seguirá as orientações da direção da emissora esportiva e de seus médicos. A sugestão é de que o cronista permaneça isolado. Isso porque ele manteve contato direto com Jorge Jesus. O português, que é treinador do Flamengo, testou positivo para o novo coronavírus. Posteriormente, novo teste feito com o treinador de futebol deu negativo.
Pela manhã, reportagem do Estadão chegou a garantir que o jornalista estava na lista de casos confirmados do coronavírus no país. Benjamin Back contestou a informação, que foi corrigida (e acompanhada de um pedido de desculpas). O comunicador, contudo, usou o Twitter para explicar que, mesmo assim, o erro chegou a prejudicá-lo. “Não sei como agradecer o Estadão pelo transtorno que me causaram”, ironizou. “Não faço outra coisa hoje a não ser responder ligações e mensagens tendo que dizer que não estou com coronavírus, assim como meus familiares”, reclamou.
📺 "Tem muita gente levando na brincadeira, não é brincadeira."@benjaminback participa do #fsradiobrasil, explica o motivo de sua quarentena e informa os telespectadores sobre a sua situação. pic.twitter.com/ZPiqEG7PqF
— FOX Sports Rádio BR (@FSRadioBrasil) March 17, 2020
Revezamento no escritório
O caso envolvendo o apresentador Benjamin Back fez o comando dos canais Fox Sports Brasil se movimentar como um todo. A empresa decidiu diminuir a sua programação ao vivo diária. Para dar o exemplo e evitar aglomerações, o veículo também adotou revezamento de equipe. Com isso, parte do time fica em casa num dia, enquanto outra parte toca a programação. “Faremos também um rodízio de apresentadores e comentaristas das nossas principais atrações. Contamos com a compreensão de vocês! Vamos passar por essa fase crítica e, mesmo nas adversidades, continuaremos torcendo juntos!”, informa parte da nota divulgada por talentos da emissora.
Caso confirmado em redação
Enquanto Benjamin Back destaca não estar sequer com sintomas do coronavírus, um jornalista da Record TV já está afastado de suas atividades. Ele foi infectado, conforme informou em primeira mão o coluna de Flávio Ricco no UOL. Sem citar o caso em sua redação em São Paulo, a emissora divulgou comunicado nesta terça. No texto, segue o que foi adotado pela concorrente TV Globo. Divulga-se que atrações serão e poderão ser suspensas diante do surto. “Durante a nossa programação, vamos informar nossos telespectadores e anunciantes sobre as mudanças necessárias”, avisa a direção do veículo de mídia.
Sem esportes, mas com prestação de serviços
O meio esportivo foi diretamente afetado pela pandemia do coronavírus. Eventos estão sendo suspensos ou mesmo cancelados ao redor de todo o mundo. Com isso, no Brasil, profissionais e veículos ligados à editoria estão encarando novas atividades. Na TV Globo, repórteres do núcleo estão colaborando com pautas gerais. Renato Peters, por exemplo, já fez entradas ao vivo no ‘SPTV’. Ainda sobre a emissora, o ‘Globo Esporte’ não está indo ao ar (e não tem previsão de retornar à grade diária).
Na televisão por assinatura, o BandSports anunciou que, momentaneamente, o ao vivo terá vez. E o foco não será o noticiário esportivo, mas sim a prestação de serviços em relação ao coronavírus. Na televisão aberta, a direção da Gazeta escalou a dupla Michelle Giannella e Celso Cardoso em ação especial. Com o ‘Gazeta Esportiva’ suspenso, os dois jornalistas passam a apresentar o ‘Plantão da Saúde’. Informativo, o programa vai ao ar de segunda a sexta, das 18h às 19h, horário em que normalmente o canal exibia a atração esportiva.
Pedido de união entre a imprensa
No início da tarde de terça-feira, 17, a equipe da Exame.com publicou uma carta direcionada a todos os outros veículos de comunicação do Brasil. No texto, a equipe do título de economia e negócios prega que as demais redações liberem seus conteúdos a não assinantes. Medida que deveria ser tomada em prol da distribuição de conteúdos jornalísticas em tempos de coronavírus. “Este é um momento em que as pessoas mais precisam de informação verdadeira, apurada e de credibilidade, principalmente para combater a proliferação de fake news“, dizia parte do comunicado. Dizia, pois a pauta saiu do ar (mas ainda por ser lida por meio do serviço de cache do Google). Independentemente de tal solicitação, veículos como a Folha de S. Paulo estão liberando reportagens sobre a Covid-19.
Home office em empresas do setor
A pandemia também tem feito com que órgãos da imprensa brasileira e agências de comunicação passem a adotar o modelo home office. A Tawil Comunicação, por exemplo, liberou toda a equipe para trabalhar de casa desde o início desta semana. A medida vem sendo adotada por outras agências espalhadas país afora. Conglomerado de mídia mineiro, a Sempre Editora tem alterado o dia a dia de seus veículos. Nos jornais O Tempo e Super Notícia, repórteres estão de casa — com apenas os editores dando expediente na redação em Contagem (MG). Nesse sentido, a Super FM suspendeu atrações. Segundo o boletim Jornalistas & Cia, o Estadão, por sua vez, implementou esquema de home office para parte da equipe.
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Nota da redação | Este conteúdo foi publicado originalmente em 17/3/2020, às 19h07. O material vem sendo atualizado desde então para acréscimos de mais informações.