A abertura da CPI abala as estruturas políticas de Brasília. O temor de um choque entre poderes da república não se limita ao Congresso Nacional. Há quem diga que o presidente pode ser diretamente atingido e o Supremo Tribunal Federal acionado. O foco da CPI é o desvio de verbas federais que deveriam chegar até os estados e municípios.
Segundo assessores econômicos do parlamento, milhões são desviados para os bolsos dos políticos e não chegam na ponta, principalmente para amparar os hospitais e postos de saúde que andam abarrotados de doentes, muitos atendidos nos corredores. Há casos de pessoas no chão.
As UTIs estão lotadas e falta de tudo, especialmente equipamentos mais sofisticados para entubação e tratamento de falta de ar. O escândalo percorre o Brasil e a CPI é uma possibilidade de se descobrir os ladrões do dinheiro pago pelos brasileiros ao chamado cofre público.
CPI se sabe como começa, mas ninguém sabe como termina. Este é o principal temor das bancadas que apoiam o presidente e também a oposição. Afinal, a distribuição de verbas é gerida por parlamentares de vários partidos. Há suspeitas de que a propina tenha chegado aos bolsos de governadores, ministros, senadores e deputados. Não escapam nem mesmo alguns prefeitos e vereadores.
Enfim, todo o castelo político do país parece estar ameaçado de ruir e tudo desaguar nas próximas eleições gerais. Todos querem se reeleger e aparecer na mídia com foto e título de suspeito de corrupção não vai ajudar.
Contudo, parte da classe política conta com a despolitização do povo que se concretiza com os votos comprados pelos cabos eleitorais pendurados nos gabinetes de Brasília. As empreiteiras movimentam todo o exército de lobistas e advogados para se isentar de qualquer acusação futura, como o de conseguir grandes obras distribuindo propinas à torto e à direito.
Não há como barrar a instalação da CPI. Bem que alguns tentaram, acusando-a de se transformar em um palanque eleitoral, ameaçar a democracia e misturar culpados com inocentes. Mas como desmentir a delação do assessor responsável pela elaboração das emendas parlamentares que carreiam milhões para os currais eleitorais dos políticos?
A partir das denúncias do economista José Carlos Alves dos Santos, integrante da quadrilha e chefe da assessoria técnica da Comissão do Orçamento do Congresso, o Brasil toma ciência da existência da quadrilha apelidada de Anões do Orçamento, capitaneada pelo deputado João Alves.
O grupo opera com três fontes de recursos: uma delas é formada pelas propinas pagas pelos prefeitos para incluir uma obra no Orçamento ou conseguir a liberação de uma verba já prevista. A execução dessas tarefas é realizada pela Seval, uma empresa criada pelo deputado João Alves, que cobra uma “taxa” para fazer o serviço.
O deputado se defende e diz que sua polpuda conta bancária se deve ao fato de ter ganho 56 vezes na loteria. Os Anões do Orçamento são punidos, mas alguns escapam da cassação de mandatos e um deles volta ao noticiário como proprietário do bunker de Salvador onde Gedel Vieira Lima estoca no apartamento 51 milhões de reais.
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