Um homem que nos desgoverna e ameaça, para o qual um punhado de expressões e adjetivos bem fortes para defini-lo ainda é muito pouco, nos inquieta e aprofunda a crise. A articulista Mariliz Pereira Jorge listou dezenas deles e logo foi ajudada por sugestões de outros epítetos. Como os propostos pelo jornalista, dicionarista, professor, autor do “Dicionário do Nordeste – 10 mil palavras e expressões”, Fred Navarro: …“acabador de feira /bexiguento /caninguento /casco de cuia /estrompa /filho de chocadeira /jumento sem mãe /mandioca que jegue não rói /oficial de caveira /papel de enrolar prego /peitica da velha chica”…
Bem, no mínimo nosso vocabulário ficará muito mais rico.
Não feche os olhos, não se faça de bobo, não se omita, preste atenção enquanto é tempo. A crise política e social do momento é gigantesca, se agrava, muito além de milhares de mortes e contaminações que nos assolam diariamente, e que também dela claramente resultam. Falamos de mortes, de uma doença que se alastra, de muitas pessoas com sequelas, da falta de uma política de vacinação nacional e una. Da falta de insumos hospitalares, leitos, oxigênio. Falamos da tentativa de estrangular a liberdade. De um país com a economia claudicante e sem rumo, com a miséria alastrada. Falamos de um país onde seres do mal, de ódio, aprofundam as feridas, ameaçam, sem compaixão, apoiados por robôs que os alimentam desse fel. Isso não vai acabar bem.
Ando, e creio que muitos de vocês também, muito aborrecida e atônita com o momento tenebroso que vivemos, em todos os sentidos. Querendo agir, mas não sabendo exatamente como; além dos textos, artigos, comentários, explicações, queria poder mais, chegar mais longe com minha voz, propor ações mais efetivas. Mas é como se todos estivéssemos amarrados ou rodando em círculos. Isolados, se conscientes, sabemos que não podemos ir às ruas. O som das panelas e das janelas apenas nos diverte um pouco e desanuvia. Parece, e isso é terrível, que nos sobra ficar xingando o homem de tudo quanto é nome, espalhar os memes, as charges. E protestar nas redes sociais. Mas isso é muito pouco quando já ocorrem prisões e pressões em cima de quem se manifesta, mesmo que apenas com uma faixa de pano.
Assistindo à live de lançamento do livro Um mar vivo de corações expostos (***), seleção de crônicas de quatro amigas jornalistas, ouço uma delas falando sobre a atividade de escrever crônicas. Como nós, cronistas, nos inspiramos. Ela citou as rosas de um jardim, o cotidiano simples, o que vemos à nossa volta. Chorei. Porque o que tenho visto à volta, quando busco o tema do artigo semanal, cada vez mais se afasta do que eu tanto gostaria que fosse inspiração – aos temas do comportamento que me são caros! Como a questão feminina, sexualidade, imprensa, histórias vividas, literatura, mas isso tudo, tão importante, acaba ficando em segundo plano porque precisamos voltar ao campo de batalha para evitar que o país mergulhe novamente em anos de horror e ainda mais retrocesso.
À esta altura da vida, depois de passar toda uma fundamental fase da vida perturbada por uma ditadura militar, agora já chegando à terceira idade, dói muito ver esse horror todo sendo novamente, em 2021, festejado a 31 de março, aplaudido pelo ser de tantos adjetivos, que não sabendo o que fazer, inábil e despreparado para o cargo ao qual foi alçado, junto ainda com toda uma família tão problemática quanto ele, traz tanta desilusão a todos. Aos que nele votaram, enganados, e que hoje entre os mais indignados conseguem ver que as promessas eram balelas.
Aos que tentaram, desde bem antes, avisar sobre o desastre que se aproximava com a polarização entre o ruim e o pior, e entre os quais me incluo, ao sentir o quanto tínhamos razão, resta – pelo menos por enquanto – manter a sirene ligada, e nas expressões faladas em todo o país, definir o que ele é, e isso ainda é muito pouco.
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