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Editorial: um escudo para crimes contra jornalistas

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Um verdadeiro escudo no combate a crimes contra jornalistas espalhados pelo Brasil. Assim pode ser definido o projeto idealizado pela Abraji que leva o nome do repórter assassinado em 2002 no Rio de Janeiro: Tim Lopes

“Revelar os bastidores de crimes contra jornalistas brasileiros”. É desta forma que a repórter Tácila Rubbo inicia o texto sobre o mais novo projeto idealizado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji). Surgida pela comoção (e revolta) devido ao assassinato do repórter Tim Lopes, em 2002, a entidade dá mais um passo certeiro em defesa da liberdade de expressão no país e, consequentemente, na exposição de pessoas e empresas que atuam para enfraquecer esse direito – primordial não apenas para profissionais da imprensa, mas para toda a sociedade.

Mais do que levar o nome do repórter da TV Globo que há 15 anos se tornou vítima de traficantes cariocas, a iniciativa da Abraji mostra a força que o jornalismo tem no Brasil e no mundo. Prova disso é a ocasião em que o projeto foi oficialmente lançado: o congresso organizado pela instituição. Realizado anualmente, o evento de 2017 teve três dias de duração (29/6, 30/6 e 1º/7) e contou, como de costume, com personalidades nacionais e internacionais da imprensa. Entre outros conteúdos, assuntos relacionados a histórias que reforçam a importância da mídia tiveram destaques em painéis e sessões especiais.

O Projeto Tim Lopes nasceu dias antes de outra data negativa para a imprensa brasileira. Em 5 julho de 2012, o cronista esportivo Valério Luiz morreu ao ser alvejado por seis disparos de arma de fogo no momento que deixava o trabalho na Rádio 820 (atual afiliada da Bandeirantes), em Goiânia. A família do jornalista aguarda até hoje por Justiça, pois os acusados pelo crime – com ex-dirigente do Atlético Goianiense na lista – esperam por parecer do Supremo Tribunal Federal (STF), que pode ordenar que o grupo vá a júri popular. Filho do profissional assassinado, o também jornalista Valério Filho tem se empenhado a fazer com que o caso não seja esquecido.

Conforme adiantou o atual presidente da Abraji, Thiago Herdy, quando o radar que preza pela segurança de comunicadores for ligado, jornalistas irão se unir para – fazer jus ao nome da instituição – investigar e denunciar in loco o caso. Um verdadeiro escudo no combate aos crimes contra jornalistas

Quem conhece a história da Abraji e o atual time à frente da instituição, como a equipe de redação do Portal Comunique-se conhece, tem a certeza de que o Projeto Tim Lopes irá muito além de apenas divulgar o nome do jornalista que se tornou símbolo da violência contra a imprensa. O trabalho desenvolvido por Marcelo Beraba, ex-presidente da entidade, fará com que Valério Filho, por exemplo, não seja mais uma voz solitária na sede de ver a Justiça ser feita. Conforme adiantou o atual presidente da Abraji, Thiago Herdy, quando o radar que preza pela segurança de comunicadores for ligado, jornalistas irão se unir para – fazer jus ao nome da instituição – investigar e denunciar in loco o caso. Um verdadeiro escudo no combate aos crimes contra jornalistas.

Herdy, por sinal, detalhou como funcionará na prática o projeto no Brasil, país em que mais de 30 jornalistas foram assassinados ao longo dos últimos 11 anos. “A Abraji financiará a organização de um pool de repórteres de diversos veículos, que irão ao local com as missões de escrever sobre a morte daquele jornalista e dar continuidade a sua investigação. Os repórteres que participarem deste projeto levarão crachá com sua identificação de repórter e também do projeto. A ideia é que todo mundo na cidade saiba, naquela hora, que o [projeto] Tim [Lopes] chegou”.

O projeto Tim Lopes chega. Com ele, renova-se a esperança de ver o exercício da profissão de jornalista não ser mais ameaçada Brasil afora. Tudo graças ao trabalho da competente equipe da Abraji.

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Anderson Scardoelli

Jornalista "nativo digital" e especializado em SEO. Natural de São Caetano do Sul (SP) e criado em Sapopemba, distrito da zona lesta da capital paulista. Formado em jornalismo pela Universidade Nove de Julho (Uninove) e com especialização em jornalismo digital pela ESPM. Trabalhou de forma ininterrupta no Grupo Comunique-se durante 11 anos, período em que foi de estagiário de pesquisa a editor sênior. Em maio de 2020, deixou a empresa para ser repórter do site da Revista Oeste. Após dez meses fora, voltou ao Comunique-se como editor-chefe, cargo que ocupou até abril de 2022.

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