Portal Comunique-se

Por que empresas comuns têm comprado empresas de mídia?

nutra brasil - topo mega banner

Exame, Canaltech, Washington Post e revista Times. Apesar das diferenças editoriais e geográficas, hoje, elas são exemplos de um mesmo cenário: a aquisição de empresas midiáticas por empresas comuns. Recentemente, esse movimento tem chamado a atenção e provoca dúvidas sobre o que torna os veículos de comunicação tão atraentes. Elas querem vender mais publicidade, querem alcançar mais gente na internet para vender mais produto. E querem até ser mais influentes no mundo dos negócios.

Existem dois caminhos para isso. Um é criar um site do zero e formar uma audiência do zero. É possível? É. Só que leva tempo. Outro caminho é comprar um site que já tem um público fiel formado. Pronto: é aí que a mágica acontece. Foi assim que o banco BTG Pactual comprou a Exame, Magalu comprou o CanalTech e o dono da Amazon levou para casa o Washington Post. São negociações impensáveis anos atrás, mas que agora fazem todo o sentido.

Leia mais:

Por que você deve usar o marketing de causa?
Não busque por uma vida equilibrada – Por Lygia Pontes

A explicação para a necessidade de venda de três dessas empresas jornalísticas (Exame, Washington Post e Times) é simples, a redução do consumo de conteúdos impressos em todo o mundo, devido aos avanços da internet. É esse motivo também que torna os veículos de comunicação tão atraentes para empresas que já possuem forte atuação relacionada à tecnologia.

Apenas no Brasil, de acordo com levantamento realizado pelo jornal Poder360, com base em 10 dos principais jornais diários do País, os veículos impressos sofreram uma redução de 51,7% no número de consumidores entre 2014 e 2019. Em dezembro de 2014, tinham uma tiragem somada de 1,2 milhão de exemplares impressos e em outubro de 2019, o número foi de 588,6 mil.

Revista Exame

Em dezembro de 2019, a revista Exame foi vendida pelo Grupo Abril, como forma de reestruturação da empresa. A aquisição foi feita por meio de leilão, do qual apenas o banco BTG Pactual participou. Desde 2014, a editora vem reduzindo o volume de revistas e reestruturando o quadro de colaboradores e, em 2018, também foi vendida .

A compra se tornou uma oportunidade de reinventar a revista, que já teve mudança de identidade visual e de unidades de negócios, que agora contam com Exame Academy, Exame Research e Exame Experience. De acordo com matéria publicada pela Propmark, o CEO da Exame, Pedro Thompson, explica que apesar das mudanças, o foco continua no jornalismo.

“Estamos mudando muita coisa no sentido de experiência, com um site mais responsivo e principalmente um conteúdo que transmita sabedoria prática e não conteúdo demasiadamente filosófico ou intelectualizado, mas conteúdo prático de coisas que estão acontecendo em nossa rotina. Vamos falar muito de empreendedorismo, tecnologia, gestão, de negócios, carreira, lifestyle e macroeconomia”, aponta.

Washington Post e Times

O tradicional jornal impresso Washington Post foi comprado por Jeff Bezos, fundador da Amazon, em 2013. O novo comando da empresa teve o objetivo de levar conhecimento do mundo digital para o veículo jornalístico. De acordo com publicação da revista estadunidense Forbes, esse foi o ponto que motivou o fundador da Amazon. “Bezos tirou seu otimismo de um simples fato. A internet destruiu a maioria das vantagens que os jornais construíram. Mas ofereceu “um presente: distribuição global gratuita”, aponta a matéria.

Com o comando de Bezos, o jornal investiu em um sistema de assinaturas digitais, newsletters e aumentou o número de assinantes em mais de 145% em 2017. Esse número tornou a companhia eleita como uma das mais inovadoras do mundo em 2018.

Marc Benioff, cofundador da empresa Salesforce, uma das maiores empresas de software do mundo, também apresentou o mesmo otimismo com relação à revista Time, a qual adquiriu em 2018. Na época, ele revelou ao The Wall Street Journal que a compra era também um investimento “em uma empresa com um tremendo impacto no mundo, que também é um negócio incrivelmente forte”.

E o CanalTech?

O caso mais recente a nível nacional foi a compra do CanalTech e da InLoco Media (segmento da startup InLoco), feita pela Magalu. A empresa, que se destaca pela presença no varejo online e abordagens publicitárias, adquiriu o site de notícias sobre tecnologia e a agência em agosto.

A aquisição mostra um cenário diferente das demais, por tratar-se de um veículo já conhecido pela abordagem tecnológica. Ele marcou um momento de expansão da empresa para a publicidade digital, na qual estará presente por meio do Magalu Ads.

O principal objetivo, citado em comunicado da empresa, é a ampliação da audiência, que permitirá uma segmentação melhor dos conteúdos para os visitantes. “Com a aquisição do Canaltech, o Magalu passa a ter uma das maiores audiências da internet brasileira, com mais de 80 milhões de visitantes únicos mensais”, afirmou o diretor financeiro e de relação com investidores do Magalu, Roberto Bellissimo Rodrigues, no comunicado.

Compartilhe
0
0

Julia Renó

Jornalista. Natural de São José dos Campos (SP), onde vive atualmente, após temporadas em Campo Grande (MS). Formada pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (MS) e voluntária da ONG Fraternidade sem Fronteiras, integrou o time de jornalistas do Grupo Comunique-se de julho de 2020 a abril de 2022.

nutra brasil - topo mega banner