O governo de São Paulo confronta abertamente o governo federal. O governador tem pretensão de se tornar presidente da república e desafiar a União é um tema eleitoral que ganha amplos espaços na mídia e na opinião pública. Alguns até lembram da revolução constitucionalista de 1932, quando os paulistas pegaram em armas pela convocação de uma assembleia nacional constituinte e pôr fim a uma ditadura que se iniciou com a derrubada do presidente da república.
São Paulo foi derrotado militarmente, mas há quem diga que venceu politicamente uma vez que a assembleia foi convocada e promulgou a Constituição de 1934. O governador insufla a memória dos saudosistas que repetem incansavelmente que São Paulo é a locomotiva do Brasil, que se esforça para puxar o país reduzido a um comboio com estados e o distrito federal. Por isso peitar a União é também um tema sensível para qualquer disputa presidencial.
A crise econômica é mundial. O sistema capitalista está em crise. Ninguém podia imaginar que uma hecatombe pudesse vir do Oriente e afetar a todos, inclusive as grandes potências do mundo. Os combustíveis no postos de abastecimento disparam e encher o tanque do carro provoca um rombo no orçamento doméstico. Uma commodity torna-se uma arma política poderosa. O petróleo é responsável pela drenagem de uma montanha da dólares para os países produtores, especialmente no Oriente Médio. São os petrodólares.
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O Brasil é atingido violentamente. O transporte, principalmente o rodoviário, é movido a diesel e a possibilidade de desabastecimento e aumento dos preços no mercado mundial são ameaças ao país. A estatal federal, Petrobrás, não supre o Brasil do petróleo que necessita, suas refinarias são obsoletas, improdutivas e muito combustível é importado. Inclusive o gás de cozinha, o GLP, que onera as camadas mais pobres da população. É aí que o governo paulista concentra sua atuação. Encontrar gás é uma arma importante para uma campanha presidencial.
São Paulo pode tirar o país do sufoco. O governador anuncia que vai fundar uma empresa para concorrer com a Petrobrás, acusada de inação e de não encontrar petróleo em terras tupiniquins. Nasce a Paulipetro, fusão de um instituto de pesquisa científica, o IPT, e uma empresa paulista produtora de eletricidade, a Cesp. Paulo Maluf divulga que há petróleo nas regiões sedimentares do noroeste do estado em toda a bacia do rio Paraná.
Para isso basta furar, coisa que a estatal federal não faz, acusa o governador. Alguns postos perfurados produzem gás, a um custo altíssimo e uma quantidade medíocre. Anuncia-se um grande fiasco. Após 69 buracos e alguns milhões de dólares do dinheiro do contribuinte enterrado, fica comprovado que São Paulo não é o Texas. Mas o governador é candidato à presidência da república.
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