Em vez de aproveitar a noite de domingo para planejar a melhor forma de pôr em prática ações de seu governo, o presidente Jair Bolsonaro preferiu recorrer ao Twitter para atacar jornalistas. O mandatário do país usou a rede social para expor a repórter Constança Rezende, do Estadão. O pai dela, Chico Otávio, também foi alvo da ira do governante, que em questão de minutos foi desmentido por veículos de comunicação, profissionais do setor e grupos até então alinhados com o governo federal. A razão para isso é que Bolsonaro se baseou em fake news para criticar a dupla de comunicadores.
Aparentemente sem ter discernimento do que são informações reais ou notícias falsas, o presidente da República usou o perfil que mantém na plataforma de microblogs para imputar a Constança Rezende algo que não foi dito. “[Ela] diz querer arruinar a vida de Flávio Bolsonaro e buscar o impeachment do presidente Jair Bolsonaro”, publicou, referindo-se — de forma estranha — a si mesmo na terceira pessoa. Em tom de denúncia, ele citou o nível de parentesco da contratada do Estadão com um jornalista do Grupo Globo. “Ela é filha de Chico Otávio, profissional do O Globo. Querem derrubar o governo, com chantagens, desinformações e vazamentos”, afirmou o sucessor de Michel Temer, com a acusação não tendo nexo algum com a realidade.
Além de tentar colocar o filho como vítima, apesar das acusações contra Flávio Bolsonaro em suposto esquema com “laranjas”, o presidente da República divulgou vídeo em que mostra a conversa de Constança Rezende com um blogueiro francês. No Brasil, o diálogo foi repercutido pelo Terça Livre, site que não tem vergonha em se colocar como alinhado ao governo federal. As duas partes, contudo, deturparam o teor do que foi discutido. Eles deram a entender que a repórter do Estadão estaria cavando pautas com o intuito de prejudicar o mandato de Jair Bolsonaro. Versão que não se sustenta em decorrência dos fatos em si.
Por mais que Jair Bolsonaro e Terça Livre tentem colocar o público (principalmente os tuiteiros) contra a jornalista do Estadão, a conversa divulgada só ajuda a provar que Constança Rezende age com a correção de quem precisa atuar na imprensa: investigando e apurando fatos. No telefonema com o blogueiro francês, a repórter destaca que há tempos se dedica à história envolvendo Flávio Bolsonaro e seu ex-assessor parlamentar, Fabrício Queiroz. Pauta mais do que de interesse público, vale registrar. Na análise da comunicadora, o caso pode, sim, prejudicar e até “arruinar” o governo liderado pelo capitão e ex-deputado federal — o que corre com qualquer político envolvido em denúncias. O presidente e o site tentaram deturpar situação, colocando que a jornalista teria garantido que ela — ao lado boa parte da imprensa brasileira — deseja derrubar o atual mandatário do país.
A postura de Jair Bolsonaro em espalhar fake news contra jornalistas repercutiu. O próprio Estadão enfatizou que o presidente da República usou “declaração falsa” para atacar virtualmente Constança Rezende. Demonstrando que a liberdade de imprensa vai além da concorrência direta por audiência, os sites da Folha de S. Paulo e de O Globo também sinalizaram em reportagens que a postagem no Twitter não passou de boato e difamação. “Relato deturpado” foi a definição adotada pelo diário paulistano. O jornal carioca falou em “falsa acusação”. Outros órgãos da imprensa brasileira, como Exame.com e Diário do Centro do Mundo, seguiram a mesmo linha editorial, de evidenciar que o integrante do PSL disseminou uma notícia falsa.
A evidência da fake news repercutida por Jair Bolsonaro não se restringiu a veículos de comunicação. Por meio de perfis no Twitter e Facebook, jornalistas e representantes de entidades ligadas à política e à comunicação reclamaram. Eles prestaram apoio a Chico Otávio e a Constança Rezende, além de criticar a conduta do presidente da República. “Isso é grave”, enfatizou Rodrigo Constantino, da Gazeta do Povo, ao compartilhar reportagem do Estadão. Em seu blog no UOL, Leonardo Sakamoto destacou que o presidente se torna “corresponsável por ataques” físicos e morais que poderão se feitos contra Constança Rezende.
Um dos coordenadores nacionais do Movimento Brasil Livre (MBL), Rubinho Neves se atentou a dois pontos: a da relação do presidente com o filho ligado a Fabrício Queiroz e o uso que ele faz da rede social. “As questões inerentes ao Flávio, sejam quais forem, não devem ser tratadas pelo Presidente da República, mesmo sendo familiares. Essas crises impedem o Bolsonaro de trabalhar em paz”, afirmou. “Não há a menor necessidade do presidente entrar nesse tipo de chicana quando assuntos de maior relevância, como a Previdência, estão em pauta. Terça Livre e fóruns de debate estrangeiros não são fontes criveis, apenas tentativa de validação esquizofrênica”, criticou.
Com mensagens de internautas – da imprensa e de fora dela – #Bolsonaroéfakenews é um dos termos mais comentados no Twitter país afora na manhã desta segunda-feira, 11. Até o momento, o presidente da República não assumiu o erro e nem pediu desculpas ao Estadão, O Globo e, principalmente, aos jornalistas Chico Otávio e Constança Rezende.
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