Mais uma medida de combate à desinformação foi anunciada nesta quarta-feira, 9, pelo Google.org no Brasil. Em coletiva de imprensa, foi revelada a renovação da parceria com o Instituto Palavra Aberta até 2023 e o apoio financeiro de R$5 milhões ao projeto ‘EducaMídia’. Nos dois primeiros anos do projeto, o aporte dado foi de R$4 milhões.
Criada em 2019, a iniciativa sem fins lucrativos atua diretamente na capacitação de professores e instituições de ensino para a educação midiática dos jovens. Além disso, outra frente de trabalho do projeto é o incentivo ao engajamento da sociedade com relação a esse tema. Segundo o site do ‘EducaMídia’, as ações são baseadas em três pilares: a interpretação crítica das informações, a produção ativa de conteúdos e a participação responsável na sociedade.
A escolha do público-alvo não foi à toa. Durante sua participação no evento online com a imprensa, Patrícia Blanco, presidente do Instituto Palavra Aberta, reforçou a necessidade deste tipo de educação aos jovens com uma pesquisa da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O estudo aponta que 67% dos estudantes brasileiros de 15 anos não conseguem diferenciar fatos de opiniões e menos da metade (46%) recebeu treinamento na escola sobre como reconhecer informações tendenciosas.
A presidente da entidade pondera, ainda, que o trabalho desenvolvido por eles, assim como toda ação educacional, é pensado a longo prazo. Por isso, o apoio do Google se torna tão importante, viabilizando a maior duração do projeto. “A gente abriu, nesses primeiros anos, o caminho para a educação midiática”, aponta.
Para o Google Brasil, o projeto reafirma seu compromisso com a informação no Brasil. Marco Túlio Pires, diretor do Google News Lab no Brasil, considera que desenvolver a interação crítica com as notícias é essencial, principalmente em um momento de aproximação das eleições presidenciais.
Com a nova contribuição, o ‘EducaMídia’ entra em sua segunda fase, a qual tem como objetivo ampliar as parcerias com escolas públicas e privadas de todo o país, além de organizações civis. Até o momento, o foco era levar o conceito de educação midiática a professores por meio de cursos e capacitações.
A nova abordagem deverá auxiliar na resolução de quatro desafios: a inserção do tema nos planejamentos pedagógicos das escolas; o aumento do número de idosos com alfabetização e fluência digital; a ampliação de acesso à informação nas populações vulneráveis; e o combate à disseminação das notícias falsas ou de baixa qualidade para os processos eleitorais.
Pensando nisso, o material de divulgação da parceria entre o Google.org e o Palavra Aberta aponta que a meta do programa, até 2023, será a formação certificada de 2 mil “multiplicadores EducaMídia”, o impacto direto a 10 mil idosos por meio de materiais em parcerias com organizações acadêmicas ou privadas e o registro de 10 mil downloads do aplicativo instrucional individualizado por residentes de comunidades carentes. Além disso, será criado um plano de democratização do acesso ao conteúdo do projeto por meio de um currículo simplificado.
Desde 2017, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) passou a reconhecer a educação midiática como um dos temas que compõem a grade curricular de ensino básico. Em 2018, a regra passou a valer também para o ensino médio. Apesar de já estarem presentes no documento, os novos currículos passam a ser obrigatórios a todas as escolas brasileiras em 2022.
Uma das frentes de atuação do Google, a nível mundial, tem sido o apoio no combate às informações falsas e o incentivo ao jornalismo. Para isso, a empresa desenvolve ações direcionadas ao público, como o apoio do Google.org ao projeto ‘EducaMídia’, ou às redações, com o Google News Initiative.
Desde 2018, o programa voltado às empresas jornalísticas distribuiu mais de US$ 26 milhões em financiamento para jornais da América Latina. Em entrevista dada ao Podcast-se (podcast do Grupo Comunique-se), Marco Túlio Pires explica que essa é uma forma da empresa ajudar o jornalismo a encontrar um caminho na era digital.
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