Leia, abaixo, o artigo da jornalista e analista de comunicação Raquel Rodrigues. Em pauta, jornalistas, era digital e comunicação corporativa
Os tempos mudaram. Até a popularização da internet, os brasileiros se informavam principalmente por veículos de imprensa tradicionais como TV, rádio, jornais e revistas. Porém, as redes sociais — e a era digital — chegaram para mudar a forma como nos informamos e nos comunicamos.
Hoje em dia, Facebook, Twitter, Instagram e WhatsApp se tornaram fontes de informação. Qualquer pessoa com um celular na mão vira repórter por um dia e pode fazer vídeo sobre um acidente de trânsito ou gravar imagens de ruas alagadas após uma forte chuva. Muitas vezes, esses conteúdos são publicados em uma rede social e rapidamente são compartilhados.
E nós jornalistas? Como devemos atuar na era digital? Escrever bem, apurar os fatos com rigor e ouvir sempre o outro lado continuam sendo características essenciais para a prática do bom jornalismo. Mas, para aqueles que estão em busca de um emprego na área, apenas esses atributos podem não ser suficientes. O mercado de trabalho atual exige outras habilidades, como conhecimento em edição de imagens e de vídeos. Ou seja, um profissional multimídia.
A figura do repórter que apenas escrevia o texto está para ser extinta. As redações tradicionais estão mais enxutas. Em 2018, o Grupo Folha decidiu unificaras redações do Agora e da Folha de S. Paulo. O projeto resultou em demissões de dezenas de jornalistas.
O Grupo Globo segue na mesma linha com um projeto amplo chamado “Uma Só Globo”. Segundo o presidente-executivo do Grupo Globo, Jorge Nóbrega, a unificação das marcas TV Globo, Globosat, Som Livre, Globo.com, Globoplay e DGCorp visa posicionar a Globo como um dos maiores players de produtos e serviços digitais do país. Nóbrega afirmou, em entrevista coletiva, que, somente no ano de 2020, a Globo pretende investir R$ 1 bilhão na plataforma de streaming Globoplay e em novas tecnologias.
Infelizmente, para o meio jornalístico, essa notícia, por enquanto, não está sendo tão positiva. Nos últimos meses de 2019, diversos portais de notícias destacaram demissões de jornalistas veteranos da TV Globo e redução de salários de profissionais que eram contratados como pessoa jurídica PJ). Alguns jornalistas, descontentes, deixaram a emissora. Foi o caso do âncora da GloboNews, Sérgio Aguiar. Ele saiu da emissora e, meses depois, assinou contrato com a Record TV.
Atrás das câmeras, existem produtores, editores e redatores que podem ser afetados por essa mudança no formato de TV que conhecemos atualmente. Os cortes nas redações de veículos tradicionais têm resultado na migração de jornalistas para as agências de assessoria de imprensa, de comunicação e até mesmo de publicidade.
Nesse cenário, a comunicação corporativa também ganhou força. Isso porque a reputação de uma empresa ou instituição pode levar anos para ser construída e consolidada, porém uma notícia negativa pode repercutir rapidamente nas redes sociais e na mídia tradicional. Se isso acontecer, a equipe de comunicação deve agir rapidamente para conter uma crise.
Como ressalta Carolina Frazon Terra, na tese de doutorado Usuário-mídia: A relação entre a comunicação organizacional e o conteúdo gerado pelo internauta nas mídias sociais, o que está na web deixa rastros. “A internet evidencia a trajetória e a reputação das organizações acarretando cobrança frequente e cuidados redobrados com a imagem corporativa, uma vez que por um simples mecanismo de busca é possível verificar o que uma organização diz sobre si própria e o que dizem dela”.
A imagem corporativa da empresa ou marca é trabalhada por equipes compostas por jornalistas, relações públicas, profissionais de marketing e agências de comunicação e de publicidade.
Em artigo publicado no site Meio & Mensagem, Eduardo Vieira, sócio-fundador do Grupo Ideal, destacou que as empresas têm como objetivo realizar uma comunicação única, transmitindo a mesma mensagem para todas as partes interessadas. Ou seja, funcionários, jornalistas e demais grupos estratégicos, chamados de stakeholders.
É nesse contexto que os jornalistas podem se sobressair, principalmente em meio à era digital. O mercado de trabalho para jornalistas está cada dia mais exigente. Para acompanhar as tendências e a evolução da profissão, é preciso estar atento a essas movimentações e não parar no tempo.
Na era digital tudo é muito rápido e, muitas vezes, o excesso de informação pode mais atrapalhar do que ajudar. Essa constatação vale tanto para jornalistas, quanto para leitores comuns. Por isso, é preciso ter foco.
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Texto publicado originalmente no LinkedIn da autora — que é noiva do editor sênior do Portal Comunique-se.
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