Atualização na questão jornalistas X Covid-19 no Brasil. Desde o início da pandemia até o fim do mês passado, 278 comunicadores brasileiros morreram em decorrência de complicações do vírus. Com esse número, o Brasil segue como o país mais fatal da doença para profissionais da área. É o que afirma a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) em relatório divulgado nesta semana.
Segundo os dados compilados pela entidade, que já está na terceira versão de seu dossiê a respeito do tema, os sete primeiros meses de 2021 foram terríveis na relação entre jornalistas brasileiros e o novo coronavírus. Isso porque de 1º de janeiro a 31 de julho 199 profissionais da imprensa do país entraram para a lista de vítimas fatais da Covid-19.
No recorte mapeado pela Fenaj de abril a julho, outro dado alarmante surge. Nesse período, a média mensal de mortes de jornalistas no Brasil por causa da Covid ficou em 28,4. Ou seja: quase que uma morte de comunicador por dia. Comparado com o primeiro trimestre, houve, no entanto, oscilação para baixo (antes, a média era de 28,6 mortes por mês). Ao longo de 2020, essa média havia ficado em 8,5 mortes.
Sobre as mortes de jornalistas em decorrência da Covid-19, a Fenaj apresenta ao público dados coletados pela organização não governamental de alcance internacional Press Emblem Campaign (PEC). De acordo com a ONG, a Índia ocupa a segunda colocação no quesito, com 267 comunicadores sendo vítimas do novo coronavírus desde o início da pandemia.
Entre os estados brasileiros, São Paulo lidera o ranking de jornalistas mortos por causa da doença viral. Conforme o material divulgado pela Fenaj, o estado governado por João Doria (PSDB) registrou, até o fim do mês passado, 38 mortos. O Rio de Janeiro (29) aparece na segunda posição, sendo seguido por Pará (23) e Paraná (21).
O relatório da Fenaj aponta que o número de jornalistas vítimas da Covid-19 no Brasil começou a apresentar queda. A entidade afirma que o indicador caiu a partir de maio, com julho tendo 17 óbitos registrados dentro da categoria. Para Norian Segatto, diretor da Fenaj e responsável pelo dossiê, é preciso, contudo, manter a cautela. “É necessário, entretanto, aguardar os próximos meses para verificarmos se essa tendência de queda se consolida”, comenta o gestor sindical.
Mesmo pregando a cautela, o diretor da Fenaj relaciona a queda de mortes com o avanço da vacinação contra o novo coronavírus pelo país afora. Nesse sentido, Segatto reforçou que a própria entidade e sindicatos locais de jornalistas lutaram para incluir profissionais da área em grupos prioritários de imunização. Reivindicação essa atendida por alguns governos municipais e estaduais.
Fazemos a divulgação como alerta e como homenagem aos jornalistas que perderam a vida porque estavam trabalhando, cumprindo seu importante papel social
Maria José Braga
Presidente da Fenaj, Maria José Braga alerta para a necessidade de se manter jornalistas em grupos prioritários de vacinação, assim como a manutenção de protocolos sanitários, como o distanciamento social. Por fim, ela lamenta o fato de a entidade ter de divulgar os números relacionados a colegas que entraram para as estatísticas de vítimas fatais da Covid-19 no Brasil. “Fazemos a divulgação como alerta e como homenagem aos jornalistas que perderam a vida porque estavam trabalhando, cumprindo seu importante papel social”, afirma a sindicalista.
“Não existe uma fonte centralizada para coleta de informações que compõem o Dossiê Jornalistas Vitimados pela Covid-19. Os dados são obtidos por meio de busca direta em jornais, sites e blogs de todo o país e também pelas informações fornecidas pelos Sindicatos dos Jornalistas nos estados ou diretamente por colegas de trabalho das vítimas. Como não há um registro oficial das mortes por categoria profissional, assim, é possível que os números possam estar subestimados e não retratem integralmente o tamanho da tragédia brasileira na categoria”, informa a equipe da Fenaj.
A versão atualizada do relatório sobre jornalistas X Covid-19 pode ser acessado aqui.
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