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Manual traz ferramentas para enfrentar a descrença no jornalismo

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Segundo o Manual, a fragmentação da notícia no meio digital e a extrema polarização política no mundo estão entre os causadores da crise de credibilidade do jornalismo

Capítulo brasileiro do The Trust Project, o Projeto Credibilidade — cujo consórcio inclui a Abraji —, publicou em dezembro o Manual da Credibilidade Jornalística. O guia discute, entre outras coisas, os fatores que provocaram a crise de credibilidade do jornalismo, a importância do jornalismo para a democracia e as possíveis estratégias para aumentar a credibilidade de um veículo de comunicação. A publicação é voltada especialmente para profissionais da imprensa e professores e estudantes de jornalismo.

Segundo Angela Pimenta, coordenadora-executiva da iniciativa e presidente do Projor – Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo, o guia “compila e edita de maneira ‘amigável’” as discussões e as conclusões que o Projeto alcançou, e é um “primeiro passo para quem quer aprender mais” sobre o tema em um ano como o de eleição, onde a desinformação tende a se multiplicar. O material está todo disponível na página do Manual.

De acordo com estudo do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso à Informação (Gpopai) da USP, citado no Manual, cerca de 3,5 mil notícias são publicadas por dia na internet no Brasil, sendo que 200, em média, são compartilhadas nas redes sociais. Segundo a pesquisa, em dias em que o noticiário está “quente”, as notícias fabricadas chegam a ser mais de metade dentre as mais lidas. O “público alvo” da desinformação são os usuários do Facebook que “estão polarizados, são vetores de informação, alvos de uma guerra política” e ultrapassa 12 milhões de pessoas. É o que vem sendo chamado de “fake news”.

Para Claire Wardle e Hossein Derakhshan — pesquisadores citados no Manual — entretanto, o termo “fake news” não é o mais adequado e vem sendo utilizado por políticos como “uma arma contra a imprensa”. “‘Fake news’ não é capaz de sintetizar de forma precisa a multiplicidade do fenômeno da desinformação e tem sido utilizado de forma genérica para designar fenômenos que são diferentes entre si, sendo que alguns deles nem são noticiosos”, explica Francisco Belda, coordenador pedagógico do Projeto e professor da Unesp. Segundo ele, além de notícias intencionalmente falsas, há também as descontextualizadas ou com falsa equivalência título-conteúdo, por exemplo.

A descrença no jornalismo, porém, não resulta apenas do que se convencionou chamar de fake news: há outras explicações. Segundo o Manual, a fragmentação da notícia no meio digital, a extrema polarização política no Brasil e no mundo, as bolhas ideológicas fortalecidas pelas redes sociais e o viés de confirmação estão entre os causadores da crise de credibilidade do jornalismo.

Para Angela Pimenta, em um cenário como esse é preciso que o jornalismo faça uma autorreflexão. “É cada vez mais importante que o jornalismo entenda que não está acima de quem consome, que tem que se responsabilizar. Não pode trabalhar com a noção de que está sempre certo, de que não tem que prestar contas”, explica a jornalista. Para ela, em tempos digitais, onde há mais possibilidades de pesquisas e contatos, o bom jornalismo “ouve todos os lados, tem políticas claras, admite e corrige erros, explicita informações que não são de sua autoria, pratica a diversidade e deixa claro qual é a sua missão”.

Indicadores de credibilidade

O Manual e o Projeto se apoiam no “sistema de indicadores de credibilidade” elaborado ao longo dos últimos três anos pelo The Trust Project e uma coalizão de mais de 75 organizações de imprensa nos Estados Unidos e Europa. Desenvolvido a partir de “uma série de entrevistas com leitores sobre sua visão, suas críticas e suas expectativas sobre conteúdo noticioso”, o sistema é a principal ferramenta formulada pelo Projeto para que os veículos ganhem em credibilidade.

Entre as perguntas que os veículos devem responder em seus sites — os indicadores, melhor explicitados aqui —, estão “quem o financia?”, “qual a sua missão?” e “qual a sua data de fundação?”. Além disso, os veículos devem ter um feedback facilmente acionável para seus leitores, devem explicitar a expertise do autor da reportagem e quais os métodos de apuração utilizados, deixar clara a etiquetagem da matéria — notícia, análise ou opinião, por exemplo —, e priorizar a diversidade de vozes.

Projeto em 2018

O Projeto Credibilidade, fruto de uma parceria entre o Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo (Projor) e o Programa de Pós-Graduação em Mídia e Tecnologia (PPGMiT), da Universidade Estadual Paulista (Unesp), conta hoje com um consórcio de mídia formado por 17 entidades, incluindo jornais, revistas e agências de checagem, além da Abraji. Segundo Belda, além de acompanhar a implementação dos indicadores de credibilidade nos veículos do consórcio, o Projeto objetiva ampliá-lo, trazendo “mais diversidade para a discussão”.

Além disso, os planos do Credibilidade para 2018 incluem o estreitamento da relação com as plataformas como o Facebook, a Google, e o Twitter, para melhor compreender os seus algoritmos, e a disseminação das conclusões do Projeto — tanto a pesquisa quanto o Manual — a um público mais amplo, expondo-as em escolas públicas, associações e faculdades de comunicação, por exemplo.

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Abraji

Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo. Criada em 2002 por um grupo de jornalistas brasileiros interessados em trocar experiências, informações e dicas sobre reportagem, principalmente sobre reportagens investigativas. É mantida pelos próprios jornalistas e não tem fins lucrativos.

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