O Facebook e as relações humanas na internet

O recente escândalo pode nos ajudar a compreender a cibercultura. Articulista-parceiro do Portal Comunique-se, Pedro Arthur Nogueira analisa como estão as relações humanas em tempos de internet e Facebook

O ano de 2018 não começou bem para o Sr. Zuckerberg e para seu filho mais ilustre, o Facebook. E esse imbróglio ainda está longe de acabar. Mas, exatamente, o que há de tão importante nos dados que vazaram? Essa é fácil: o comportamento humano.

Não é de hoje que clientes e agências trabalham no sentido de entender o comportamento das pessoas para conseguir mais atenção, negócios e/ou reputação. É fato que uma ação comunicacional atinge, com mais efetividade e eficiência, seus objetivos quando utilizadas ferramentas de análises comportamentais, aliando psicologia e sociologia. O indivíduo na internet é o mesmo de fora dela. O que fazemos na rede é, portanto, um reflexo do que vivemos por aí.

Os sociólogos ainda sugerem que todas as relações sociais offline têm sua versão espelhada na versão online, essencialmente vale iluminar o fato de um ator social influenciar a rede social e também a potencial influência que as redes sociais têm nos atores sociais, mudando gostos, preferências e opiniões. Esta última tem um poder incalculável.

Muitos estudiosos creditam ao mundo mediado pelos computadores como um espaço hiperconectado que permite, dentre diversas outras coisas, potencializar as relações sociais. Nesse contexto, vive a cibercultura que tem as seguintes características: coletiva, condicionante e desterritorializante. É, portanto, o local no qual as pessoas interagem com as redes sociais digitais e são impactadas por ela. Tudo a distância de um clique. Seguindo essa linha, é possível modificar pensamentos, vender mais, mobilizar pessoas e até converter a opinião pública para um caminho uniforme.

“É fato que uma ação comunicacional atinge, com mais efetividade e eficiência, seus objetivos quando utilizadas ferramentas de análises comportamentais”

O que percebemos com o caso Facebook é que o “monstrinho” de Zuck mostrou toda a capacidade de entender sua base, de associar esse conhecimento às práticas comunicacionais e até mudar rumos de decisões que impactam toda uma naçã. Ou, porque não dizer, todo o globo terrestre. O grande volume de dados e informações coletadas pela Cambridge Analytica podem ter influenciado, alguns acreditam, nas últimas grandes decisões que chacoalharam o mundo. Do “Brexit” à eleição de Trump. Essa suspeita não é tão absurda assim. Afinal, essa consultoria inglesa estava envolvida nesses dois eventos.

O que, para mim, fica muito claro é a riqueza que os dados disponíveis nas redes sociais digitais têm dentro de si e quem souber transformá-los em informação inteligente tem um poder incrível nas mãos, o poder de modificar opiniões, pensamentos e até decisões que afetem a ordem mundial.

Conhecer melhor seus públicos, entender o que move as pessoas, compreender como isso pode ser útil para melhorar as relações, com os stakeholders, permite não só você fazer com que as pessoas te compreendam melhor mas, essencialmente, que elas te aceitem e decidam ficar ao seu lado, e assim defender sua causa, sua bandeira, seus ideais e até sua marca.

Pense digital com o pé no real.

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Pedro Arthur Nogueira

Relações Públicas de formação e de carteirinha, graduado pela Faculdade Cásper Líbero. Entusiasta nato, profissional inquieto, muito curioso e otimista convicto. Especialista em estratégia de negócios, pós-graduado em gestão estratégica de negócios pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), tem MBA em administração em seguros pela Trevisan Escola de Negócios e é mestre em comunicação social pela Faculdade Cásper Líbero. Sócio-proprietário da Virtual Jam, empresa especializada em comunicação digital.

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