Nas redes sociais, tenho visto inúmeros anúncios de editoras dispostas a produzir livros de escritores iniciantes. A maioria oferece mundos irreais, mas cobra fundos bem verdadeiros.
Liguei para algumas e o menor orçamento que me ofereceram foi R$ 32 por um exemplar de 100 páginas, sendo que a quantidade mínima era também de 100 livros. Ou seja, total de R$ 3.200. Com a que cobrou mais caro (R$ 55 por exemplar, mínimo de 200) argumentei que esse valor seria alto até para o preço de capa de um autor conhecido. Recebi a resposta “mas encare isso como um investimento na sua carreira promissora”. Então, “tá!”.
Enfim, caso a pessoa queira apenas realizar um desejo, sem fins lucrativos, e tenha o dinheiro para pagar por ele, tudo bem.
O problema é quando o escritor pretende receber o gasto de volta e ainda lucrar algo. Aí, complica. A maior parte das editoras não divulga o livro – quando o faz é em locais que ninguém lê – e também não distribui os exemplares pelas livrarias. Assim, cabe ao autor essa maratona.
Qualquer movimento para incentivar os escritores estreantes é muito válido. Mas percebo o aumento repentino, em plena pandemia, de pseudoeditoras manipulando os sonhos de quem quer ser publicado. Embora elas incentivem muito até receberem o dinheiro, o resultado é, quase sempre, o autor de um lado e livros encalhados de outro. No meio, o prejuízo e a frustração.
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Por Vera Lucas, jornalista e escritora.
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