O presidente articula um golpe de Estado. Todos sabem de seu posicionamento ideológico, radicalmente contrário à esquerda. Incentiva uma campanha que há o risco do Brasil se tornar uma ditadura socialista como as que são implantadas na Rússia e seus satélites. Ele acusa o processo eleitoral de ser viciado e de sofrer uma possível fraude a favor do candidato apoiado pelas esquerdas.
O sistema está desgastado, diz ele. Em nome da preservação das instituições tradicionais, da família e do cristianismo movimenta as forças que o apoiam. O presidente é acusado de tentar impedir a realização das eleições gerais do próximo ano, quando expira o seu mandato, de acordo com a constituição brasileira em vigor.
Há uma radicalização política no país. Os grupos políticos se juntam na esquerda e na direita. Há exemplos de sobra no mundo, principalmente na Europa, de governos de orientação socialista e fascista. O confronto é, acima de tudo, ideológico, ainda que boa parte da população brasileira não tenha ideia o que isto significa. O centro político, praticamente, desaparece.
Com o fim do domínio dos maiores estados, São Paulo e Minas Gerais, o campo moderado não tem um candidato com musculatura eleitoral para enfrentar a eleição do ano que vem, quando o atual presidente deve se candidatar a mais um quadriênio. Em ano pré- eleitoral, o governo deveria estar cuidando de arrancar o país da crise econômica, ainda reflexo do desarranjo financeiro do planeta, e não se envolver no processo eleitoral antecipado.
O debate está cada vez mais radicalizado, tanto no Congresso Nacional como na imprensa de uma forma geral. Há os que alimentam o medo da população sobre a instalação de um regime ateu e os proprietários de terras de perderem suas propriedades com uma reforma agrária sem indenização. Os grupos políticos de esquerda aparelham as fábricas e as organizações ligadas aos trabalhadores.
O presidente constitucional Getúlio Vargas deixa claro que não vai descer do poder em nome da defesa dos ideais nacionalistas e tradicionais. Divulga insistentemente que abafou um levante comunista no nordeste e rechaçou um ataque dos integralistas ao palácio presidencial no Rio de Janeiro. O cenário está montado. Ou ele ou o comunismo.
Os jornais publicam o falso Plano Cohen, um passo a passo de como os comunistas tomariam o poder. É o que vai se chamar no futuro de fake news. Com o apoio dos liberais, militares e integralistas, Vargas anula a constituição, manda prender a oposição, enfraquece o Congresso, acaba com os partidos políticos e implanta, em 1937, a ditadura do Estado Novo.
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