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O legado de Gugu Liberato para a TV brasileira

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“Dizia-se que domingo não era dia de informação na TV. Foi Gugu Liberato quem mudou isso”. Em artigo exclusivo para o Portal Comunique-se, Fernando Morgado analisa a trajetória do apresentador que morreu na última semana

Abriu espaço para artistas de todas as vertentes. Divulgou livros (e escreveu um). Lançou brinquedos que resgataram essa indústria no Brasil. Criou programas e quadros tão populares quanto polêmicos. Estas frases ajudam a definir quem foi o profissional Augusto Liberato, o Gugu Liberato. Mas é possível ir além.

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Conforme relato no livro Comunicadores S.A., lançado recentemente, Gugu Liberato era apaixonado por TV. Ele deixou um sólido legado para esse meio no Brasil. Algumas de suas principais contribuições estão relacionadas nos tópicos abaixo:

  • Nos anos 1980, valorizou o sábado à noite. Esta sempre foi uma faixa horária complicada para a televisão, que se vê obrigada a disputar a atenção do público com todos os tipos possíveis de lazer fora de casa;
  • Ao combinar jornalismo com entretenimento em um só programa, Gugu Liberato instaurou o império daquilo que hoje se chama de infotainment. Tal fórmula era exceção na TV quando o ‘Domingo legal’ começou. Hoje é regra;
  • Ampliou o espaço na TV para o jornalismo popular, seguindo uma linha semelhante àquela adotada, por exemplo, pelos diários paulistanos Folha da Tarde e Notícias Populares, ambos do Grupo Folha, e pelo carioca O Dia nos tempos em que pertencia ao ex-governador Chagas Freitas. Aliás, as controvérsias geradas por Gugu Liberato ao longo de sua carreira foram semelhantes àquelas que marcaram a história desses jornais;
  • Ampliou fortemente o espaço do jornalismo no fim de semana. Quando o ‘Domingo Legal’ nasceu, em 1993, a internet e a TV por assinatura eram incipientes no Brasil. A GloboNews, por exemplo, só surgiria em 1996. Para se informar no domingo, o povo tinha apenas três opções: comprar um jornal (sendo que muitos deles eram fechados durante a tarde de sábado), sintonizar alguma rádio AM ou esperar pelo ‘Fantástico’. Mesmo com todas as limitações tecnológicas da época, o ‘Domingo legal’ trouxe a notícia para mais cedo. Até então, dizia-se que domingo não era dia de informação na TV. Foi Gugu Liberato quem mudou isso;

“Ao combinar jornalismo com entretenimento em um só programa, Gugu Liberato instaurou o império daquilo que hoje se chama de infotainment” (Fernando Morgado)

  • Renovou o comando e a audiência dos programas de auditório, ajudando a criar um jeito novo e bem brasileiro de fazer televisão;
  • Gugu Liberato foi produtor independente durante muitos anos, erguendo modernos estúdios em São Paulo e emplacando formatos em quase todas as redes abertas;
  • Conseguiu ser líder de audiência mesmo atuando fora da Globo, emissora que possui níveis de audiência sem paralelo no mundo ocidental.

Apesar de alguns momentos questionáveis ao longo de suas quatro décadas de carreira, não é certo ignorar o legado que Gugu Liberato deixou para a comunicação brasileira. Fazer isso é menosprezar a cultura popular, vítima frequente de preconceito por parte de alguns pretensos intelectuais.

“Quando o ‘Domingo legal’ nasceu, em 1993, a internet e a TV por assinatura eram incipientes no Brasil” (Fernando Morgado)

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Por Fernando Morgado. Jornalista, escritor e pesquisador. Professor das Faculdades Integradas Hélio Alonso (FACHA) e da ESPM. Coordenador-adjunto do Núcleo de Estudos de Rádio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Possui livros publicados no Brasil e no exterior, incluindo o recém-lançado Comunicadores S.A. e o best-seller Silvio Santos: a trajetória do mito. Membro da Academy of Television Arts & Sciences, entidade realizadora dos prêmios Emmy. Mestre em Gestão da Economia Criativa e especialista em Gestão Empresarial e Marketing pela ESPM.

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