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O que o editor que publicou o texto de Antonio Risério tem para falar?

antonio risério - editor da folha fala sobre artigo
Texto de Antonio Risério motivou carta de mais de 200 jornalistas da Folha. (Imagem: reprodução/montagem da Revista Fórum)

Artigo do antropólogo motivou carta de mais de 200 jornalistas contra a direção da Folha

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Publicado no último fim de semana, o artigo “Racismo de negros contra brancos ganha força com identitarismo”, do antropólogo e escritor Antonio Risério, motivou série de reações dentro da Folha de S. Paulo. Num primeiro momento, o jornal divulgou materiais que serviriam de contraponto. Posteriormente, no entanto, parte da redação do veículo formulou carta contra a direção por causa da “publicação recorrente de conteúdos racistas”. Em resposta, o diretor Sérgio Dávila criticou o abaixo-assinado que, segundo ele, foi “parcial” e recheado de “acusações sem fundamentos”.

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Mas dentro desse imbróglio para os lados dos Campos Elísios, bairro paulistano que abriga a sede da Folha de S. Paulo, qual o posicionamento do profissional responsável pela análise e publicação do artigo assinado por Risério? Em texto publicado no fim da noite de quarta-feira, 19, o editor da ‘Ilustríssima’, Marcus Augusto Gonçalves, abordou a questão. Ele afirmou que, em sua avaliação, o texto enviado pelo antropólogo “se inscrevia nos limites do debate público”, por mais “criticável que pudesse ser”.

Marcus Augusto Gonçalves - antonio risério - resposta à carta sobre conteúdos racistas
Fachada da sede da Folha de S. Paulo em Campos Elísios, bairro central da capital paulista. (Imagem: divulgação)

Gonçalves, assim como Dávila, criticou a manifestação liderada por mais de 200 colegas de trabalho. “Respeito a posição do grupo expressivo de jornalistas que assinou a carta aberta, embora eu tenha sérias divergências conceituais sobre como e o que foi colocado”, escreveu o editor de ‘Ilustríssima’, que lembrou dois fatos relacionados a Risério: de que ele foi preso pela ditadura militar e chegou a ocupar cargo no Ministério da Cultura quando a pasta, em parte do governo petista, foi comandada pelo cantor Gilberto Gil.

Nota de Marcus Augusto Gonçalves sobre o texto de Antonio Risério

Abaixo, o texto completo do editor de ‘Ilustríssima’, Marcus Augusto Gonçalves, sobre a carta aberta enviada por mais de 200 jornalistas da Folha de S. Paulo contra a direção do jornal:

Como editor da Ilustríssima, considerei que o texto submetido a mim por Antonio Risério, por criticável que pudesse ser, se inscrevia nos limites do debate público, algo que infelizmente vem se estreitando nos últimos tempos, e não só no Brasil. O autor fala por si, tem uma história intelectual, acadêmica e política. Foi preso pela ditadura militar, estudou e publicou livros sobre as manifestações da cultura negra na Bahia e trabalhou com Gilberto Gil no Ministério da Cultura no governo do PT –partido com o qual passou a divergir posteriormente. Suas posições muito críticas sobre a ideologia identitária e seus dogmas o levaram a protagonista de polarizações com representantes desses movimentos.

Obviamente eu presumia que o texto provocaria reações, mas imaginava que viriam argumentos –o que seria uma contribuição para o debate. Infelizmente, não houve debate algum, mas um tsunami nas redes sociais para tentar silenciar e punir, como de hábito, o divergente. No caso, prevaleceu a acusação tida como verdade absoluta de que se tratou de uma manifestação ‘racista da Folha’. Respeito a posição do grupo expressivo de jornalistas que assinou a carta aberta, embora eu tenha sérias divergências conceituais sobre como e o que foi colocado.

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Anderson Scardoelli

Jornalista "nativo digital" e especializado em SEO. Natural de São Caetano do Sul (SP) e criado em Sapopemba, distrito da zona lesta da capital paulista. Formado em jornalismo pela Universidade Nove de Julho (Uninove) e com especialização em jornalismo digital pela ESPM. Trabalhou de forma ininterrupta no Grupo Comunique-se durante 11 anos, período em que foi de estagiário de pesquisa a editor sênior. Em maio de 2020, deixou a empresa para ser repórter do site da Revista Oeste. Após dez meses fora, voltou ao Comunique-se como editor-chefe, cargo que ocupou até abril de 2022.

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